Jornalistas da Reuters condenados a sete anos de prisão na Birmânia

Profissionais foram acusados de violação do segredo do Estado. Federação Internacional de Jornalistas, ONU e Repórteres sem Fronteiras pedem libertação dos condenados.

Detidos desde dezembro do ano passado por “obtenção de documentos secretos importantes” vindos de dois agentes da polícia, Wa Lone, de 31 anos, e Kyaw Soe Oo, de 27, ambos de nacionalidade birmanesa e em trabalho para a agência Reuters, foram condenados a sete anos de prisão sob a acusação de violação do segredo do Estado, de acordo com informações da agência AR.

A mesma fonte refere que os jornalistas estavam a citar aldeões budistas que colaboraram com soldados birmaneses no massacre de Inn Dinn, a 2 de setembro do ano passado, no qual perderam a vida 10 cidadãos de etnia rohingya.

Tanto a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) como as Nações Unidas e os Repórteres Sem Fronteiras (RSF) pediram a libertação dos profissionais. A FIJ criticou o governo liderado pela antiga Prémio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, porque “falhou na proteção aos jornalistas que investigam abusos dos direitos humanos”. E acrescentou: “Trata-se de uma falha dos tribunais e do governo, num sistema de justiça manipulado para castigar jornalistas e enviar um sério aviso a outros repórteres sobre o preço elevado da liberdade de imprensa”.

“Este é um dia negro para a liberdade de imprensa na Birmânia, porque o seu único crime foi fazerem o seu trabalho”, indicaram os Repórteres Sem Fronteiras. “Este caso coloca em causa o processo de transição democrática no país”, referiram em comunicado, lembrando que, durante as “audiências preliminares, um polícia admitiu que os seus superiores criaram um ardil para que fossem entregues aos dois jornalistas documentos supostamente confidenciais e, desse modo, conseguirem prendê-los”.

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