Jornalistas britânicas condenadas por difamação no Peru

Duas jornalistas freelance britânicas foram condenadas por difamação no Peru, a 4 de Maio, devido a uma frase sobre um homem de negócios que, não sendo da sua autoria, constava de um livro que ambas publicaram em 2003.

Sally Bowen e Jane Holligan foram condenadas, bem como a editora do livro, a pagar 10 mil soles (cerca de 2250 euros) ao empresário Fernando Zevallos, ficando ainda impedidas de viajar dentro e para fora do país durante um ano (Sally Bowen vive em Lima há 16 anos e Jane Holligan reside actualmente na Escócia).

Segundo o advogado de Sally Bowen, que vai recorrer da sentença, a deliberação do juiz Alfredo Catacora Acevedo também impede as jornalistas de voltarem a escrever sobre Fernando Zevallos – o qual, por sua vez, também vai recorrer por considerar a pena demasiado leve.

A frase que desencadeou o processo foi dita por um ex-colaborador do DEA (organismo antidrogas norte-americano), que afirmou que Fernando Zevallos era um narcotraficante que mantinha ligações com Vladimir Montesinos, ex-responsável dos serviços secretos peruanos e figura central do livro das duas jornalistas: “The imperfect spy – The many lives of Vladimir Montesinos”.

O juiz deu razão ao queixoso porque este nunca foi condenado por qualquer crime desse género, apesar de ter sido por diversas vezes acusado de estar envolvido em actividades de narcotráfico e lavagem de dinheiro e de ter sido identificado em Junho de 2004, pelo governo norte-americano, como “importante narcotraficante estrangeiro”.

Além deste caso, em Abril de 2004, o mesmo Fernando Zevallos interpôs uma acção em tribunal por difamação contra proprietários e jornalistas de investigação do diário “El Comercio”, devido a artigos que o ligavam a narcotraficantes.

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