Jornalistas ameaçados em Canas de Senhorim

O presidente da Junta de Freguesia de Canas de Senhorim, Luís Pinheiro, ofendeu e ameaçou os jornalistas de agressão se as notícias sobre o Movimento de Restauração do Concelho de Canas de Senhorim (MRCCS) não forem do seu agrado.

Afirmando que o MRCCS desenterrou “o machado de guerra” e que a luta pela restauração do concelho passou a ser “total”, Luís Pinheiro, falando num comício, a 25 de Janeiro, ameaçou boicotar as comemorações do 25 de Abril, o Euro 2004 e invadir a Câmara Municipal de Nelas, onde segundo afirma “há meia dúzia de pessoas que mereciam levar umas lambadas”, segundo o jornal “Público”.

A mesma sorte espera os jornalistas, segundo o autarca, para quem a comunicação social “mete nojo”. “Se estiverem mal levam uma malha”, ameaçou Luís Pinheiro, garantindo que as próximas lutas “não são para a fotografia”.

O presidente da Junta de Freguesia foi mesmo ao ponto de afirmar que “as fotografias ficam depois para o hospital”, onde será possível tirar fotos “a um gajo com o nariz amassado”.

As ameaças e a linguagem utilizadas por Luís Pinheiro mereceram o repúdio de vários deputados, bem como da Associação Nacional de Freguesias (Anafre) e do Sindicato dos Jornalistas (SJ).

O presidente da Anafre, Armando Vieira, considera que as palavras do autarca de Canas de Senhorim “envergonharam” todos os presidentes de Junta, e garantiu que a organização não subscreve “nem uma palavra do que foi dito”.

Por seu turno, o presidente do SJ, Alfredo Maia, citado pelo “Público”, considerou “uma injustiça” as ameaças feitas aos jornalistas e manifestou a sua preocupação com a eventual criação de um “clima hostil” em Canas de Senhorim “que dificulte a acção dos profissionais da comunicação social”.

Apelando à calma para que os jornalistas possam trabalhar “sem qualquer tipo de intimidação”, Alfredo Maia lembrou que o impedimento de acesso às fontes de informação é um delito punido por lei, e que “há responsabilidades acrescidas para os titulares de cargos públicos, como é o caso do presidente da Junta de Canas de Senhorim”.

Partilhe