Jornalistas admitem greve contra ingerências do governo de Bissau

As constantes ingerências do Governo na comunicação social da Guiné-Bissau foram veementemente condenadas, em comunicado conjunto assinado por todos os sindicatos e associações de jornalistas do país, que ameaçam recorrer à greve para exigir o fim dos atentados à liberdade de Imprensa.

A expulsão do chefe de Redacção da Rádio Nacional, Ensa Seidi, por ter enviado um jornalista para cobrir o regresso de Francisco Fadul a Bissau, esteve na origem da reacção dos jornalistas, que consideram essa atitude “um flagrante atentado à liberdade de imprensa e uma violenta e inaceitável tentativa de silenciar os órgãos de comunicação social guineenses”.

O comunicado conjunto é assinado pelo Sindicato de Profissionais da Comunicação Social, Sindicato Nacional dos Jornalistas, Associação Nacional de Jovens Jornalistas e Casa da Imprensa, que reservam “o direito de adoptar outras formas de acção, inclusive a utilização da greve”.

Os jornalistas reivindicam ainda a reabertura imediata da Rádio Bombolom FM e exigem “a cessação imediata de ingerências directas e abusivas nas redacções dos órgãos de comunicação social estatais pelo poder político”.

O secretário de Estado da Informação, João Manuel Gomes, é expressamente visado no documento, por ter decidido a expulsão de Ensa Seidi, bem como o fecho da Rádio Bombolom FM e a expulsão do delegado da RTP-África.

A situação na Guiné-Bissau tem sido acompanhada pelo Sindicato dos Jornalistas e por organizações internacionais como a Repórteres Sem Fronteiras, que recentemente considerou o Presidente Kumba Yalá como um dos 23 “cancros” da liberdade de Informação em África.

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