Jornalista sudanês ganha Caneta de Ouro da Liberdade

Mahjoub Mohamed Salah, co-fundador e chefe de redacção do “Al-Ayam”, o mais antigo jornal independente do Sudão, foi distinguido com a Caneta de Ouro da Liberdade, galardão anual atribuído pela Associação Mundial de Jornais (WAN).

Actualmente com 76 anos, Mahjoub Mohamed Salah, que se iniciou no jornalismo em 1949 no “The Sudan Star” e que em 1958 co-fundou o “Al-Ayam”, luta pela liberdade de expressão no Sudão há mais de 50 anos e já esteve encarcerado diversas vezes por exercer jornalismo independente.

O seu jornal foi encerrado duas vezes pelo governo militar nos anos 60 e nacionalizado em 1970, só tendo regressado aos proprietários originais em 1986. Porém, voltaria a ter ordem de encerramento em 1989, permanecendo fechado até ao ano 2000.

De então para cá, a equipa de jornalistas mantém-se em exercício, apesar de amiúde enfrentar detenções, multas e apreensão de material de trabalho e de, em Novembro de 2003, o jornal ter voltado a fechar portas por um período de três meses.

A Caneta de Ouro da Liberdade, que vai ser entregue a 30 de Maio de 2005, durante o Congresso Mundial de Jornais e o Fórum Mundial de Editores, em Seul, na Coreia do Sul, distingue Mahjoub Mohamed Salah como “um pioneiro e um herói pela liberdade de imprensa” num dos países africanos com pior ambiente para os média, segundo a WAN.

A Associação Mundial de Jornais destacou ainda o facto do galardoado “nunca ter perdido a fé numa imprensa livre no Sudão” e de, com o exemplo do seu jornal, “ter aberto caminho” para jornalistas que defendam os mesmos princípios.

Mahjoub Mohamed Salah foi um dos membros fundadores da Federação de Jornalistas Árabes e do Sindicato dos Jornalistas Africanos, tendo também sido secretário-geral do Sindicato de Jornalistas do Sudão, além de ter integrado o Comité para a Reconciliação Nacional, em 2003.

No Sudão, país que tem atravessado períodos de duro conflito e assistido a graves violação dos direitos humanos, as autoridades impuseram um blackout noticioso virtual, sendo comum a apreensão de jornais – quando publicam algum artigo sobre assuntos sensíveis ao governo ou se criticam a sua postura – e a suspensão de órgãos da imprensa.

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