Jornalista russo despedido devido a reportagem sobre a Chechénia

O jornalista Leonid Parfionov, um dos mais conhecidos do canal russo NTV, foi despedido após ter apresentado no seu programa informativo “Namedni”, entretanto cancelado, uma entrevista com a viúva de Zelimkhan Yandarbiyev.

O dirigente independentista da Chechénia morreu no Qatar, na sequência de um atentado à bomba ao seu automóvel e, neste momento, agentes dos serviços secretos russos estão a ser julgados no Qatar no âmbito do caso.

O programa com a entrevista passou no Extremo Oriente e na Sibéria russa, mas as declarações da viúva foram censuradas na versão difundida na parte europeia da Rússia, alegadamente a pedido dos serviços secretos, descontentes com o julgamento dos seus agentes por um tribunal árabe, que também era abordado na peça de Leonid Parfionov.

A NTV despediu o jornalista alegando que este quebrou o compromisso de apoiar a política da direcção da empresa, já que Parionov prestou declarações à imprensa acerca do caso, tendo mesmo divulgado a carta em que o director da estação ordena o corte da entrevista.

Já há alguns meses, fora retirada do programa “Namedni” uma entrevista com a jornalista Yelena Tregubova, autora de “Tales of a Kremlin Digger”, um livro polémico sobre o Kremlin que critica duramente a administração de Vladimir Putin.

O despedimento de Leonid Parfionov é entendido pelo Sindicato Russo dos Jornalistas como uma prova de que a televisão deixou de ser um instrumento de informação para ser um meio de propaganda.

A situação mereceu também críticas da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), da Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e do Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), que lamentam a interferência política nos conteúdos da NTV, consideram a intervenção contra Leonid Parfionov como uma forma de silenciar vozes contrárias ao poder e de avisar os jornalistas independentes sobre o que lhes pode suceder se entrarem em rota de colisão com os poderes instituídos.

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