Jornalista iraquiano detido há um mês por tropas dos EUA

O operador de câmara iraquiano Abdel Amir Hussein, da CBS News, está detido há um mês por tropas norte-americanas em Mosul, sem que exista qualquer acusação concreta contra ele, denunciou a Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

Numa missiva dirigida ao general John Abizaid, a organização realça que, segundo informações recentes de fontes militares norte-americanas, um total de nove jornalistas iraquianos “suspeitos de ajudar grupos insurgentes” estão actualmente detidos sem qualquer acusação.

Por isso, a RSF exige mais transparência e discernimento nas prisões de jornalistas, até porque “se os Estados Unidos se comprometeram com o desenvolvimento da democracia no Iraque deveriam ser os primeiros a dar o exemplo de respeito pela liberdade de imprensa”.

Ferido em serviço e detido no hospital

Abdel Amir Hussein estava a cobrir um tiroteio perto de Mosul, a 5 de Abril, quando foi atingido na anca por tropas norte-americanas, que confundiram a sua câmara de vídeo com uma espingarda AK-47.

O jornalista foi depois conduzido para um hospital militar norte-americano, para tratar os ferimentos ligeiros que havia sofrido.

No entanto, a 8 de Abril, o exército emitiu um comunicado em que afirmava que o Abdel Amir Hussein ficaria detido por suspeita de constituir “uma séria ameaça às forças da coligação”, facto que mereceu o protesto pronto da CBS, para quem o jornalista trabalhava há três meses, sob recomendação de uma pessoa com a qual a estação norte-americana tinha uma relação de confiança há dois anos.

Presos em Abu Ghraib

Segundo informações recentes, Abdel Amir Hussein está detido desde 22 de Abril na prisão de Abu Ghraib, onde também se encontram Sami Shouker Naji, da Associated Press Television News (APTN), e Ammar Daham Naef Khalaf, da Agência France Presse (AFP).

No Iraque estão ainda presos mais quatro jornalistas: o fótografo da AFP Fares Nawaf al-Issaywi; o repórter Hussein Al Shimari, da estação televisiva por satélite Al-Diyar; e Ayad Al-Tamimi, editor do diário “Sada Wasit”, e o seu jornalista Ahmed Mutare Abass.

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