Jornalista freelance preso por se recusar a entregar vídeo

O juiz William Alsup, do tribunal de São Francisco, nos EUA, mandou prender o jornalista freelance Josh Wolf por desrespeito ao tribunal, por este se ter recusado a entregar videocassetes de um protesto anti-G8 em Julho de 2005, no qual um carro da polícia foi alegadamente incendiado.

O jornalista, de 24 anos, poderá ficar preso até Julho de 2007, data em que expira o mandato do grande júri que o julgou, já que o magistrado William Alsup recusou os pedidos de fiança ou de dez dias de tolerância ao cumprimento da pena para permitir que o repórter solicitasse um recurso.

Segundo o juiz, Wolf captou imagens num local público e não recorreu a quaisquer fontes confidenciais, pelo que as autoridades têm todo o direito de lhe solicitar as filmagens, tendo ele o dever de as fornecer ao grande júri, que em Fevereiro o intimou a tal.

Por seu turno, o advogado do jornalista, José Luís Fuentes, argumentou que se este entregar material não publicado às autoridades vai estar em pôr em risco o exercício do jornalismo, pois os repórteres “não irão cobrir mais protestos” e “as fontes confidenciais vão deixar de dar informações”, dado que os jornalistas vão “passar a ser vistos como um braço do governo para casos de investigação”.

Este caso foi comentado pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que aproveitando o caso de Josh Wolf sublinhou a urgência do Congresso norte-americano reconhecer a nível federal o direito dos jornalistas à protecção da confidencialidade das fontes.

Ainda esta semana, outro juiz norte-americano irá julgar mais um caso de desrespeito ao tribunal, o qual envolve Mark Fainaru-Wada e Lance Williams, jornalistas do “San Francisco Chronicle” que, perante um grande júri, se recusaram a revelar as fontes confidenciais que usaram em artigos e num livro sobre o uso de esteróides no desporto.

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