Dois homens numa motorizada alvejaram mortalmente, a 18 de Outubro, o jornalista cambojano Chou Chetharith, editor de política na rádio “Ta Prum”. O assassinato, ocorrido na capital, Phnom Penh, verificou-se dias depois do primeiro-ministro Hun Sen acusar a emissora de insultar o seu partido.
Reagindo a mais este crime, a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) denunciou o “clima de medo” imposto pelo primeiro-ministro e o tom “provocatório” do apelo lançado por Hun Sen, na semana anterior, para que os partidos “controlem os órgãos de comunicação de modo a evitar conflitos”.
A FIJ saudou, por outro lado, a atitude do rei Norodom Sihanouk, que condenou este “assassinato político” e suspendeu de imediato as negociações para formar uma nova coligação de governo entre o PPC de Hun Sen, no poder há quase 20 anos, e a Aliança Democrática do Partido Sam Rainsy e do FUNCINPEC, força política com ligações à estação de rádio onde trabalhava Chou Chetharith.
A organização alertou no entanto para o perigo de a instabilidade resultante do impasse no parlamento poder levar à repetição da violência nas ruas ocorrida há cinco anos, e sublinhou que “os comentários impensados dos políticos só contribuem para tornar a vida mais difícil aos jornalistas”.
Também a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) apelaram ao fim da impunidade dos assassinos de jornalistas no Camboja, lembrando que as mortes de seis jornalistas entre 1994 e 1997 continuam por esclarecer.
Por este motivo, a FIJ, a RSF e o CPJ apelam às autoridades cambojanas para que investiguem este crime e levem os seus autores perante a justiça.