Jornalista da Reuters detido há um ano sem acusação

As tropas norte-americanas no Iraque mantêm detido sem acusação, há já um ano, o operador de câmara e fotojornalista Ibrahim Jassam, freelancer que trabalhou para a Reuters até 2 de Setembro de 2008, data do raide de forças dos EUA e do Iraque à sua casa em Mahmudiya, 30 quilómetros a Sul de Bagdade.

Desde então, o jornalista, que foi vendado e algemado aquando da sua detenção, não foi acusado de qualquer crime e nenhuma prova contra ele foi alguma vez revelada, havendo apenas afirmações vagas de que ele constitui uma “ameaça”, o que leva organizações como o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e o Instituto Internacional de Imprensa (IPI) a contestar a situação.

“Uma detenção de um ano sem acusação e sem o devido processo, além de ser injusta mina a capacidade do governo norte-americano de advogar com eficácia a liberdade de imprensa no mundo”, afirmou Joel Simon, director-executivo do CPJ.

Por seu turno, a RSF relembrou que o Tribunal Penal Central iraquiano ordenou, a 30 de Novembro de 2008 a libertação do jornalista por falta de acusação, ordem que não foi cumprida até hoje, permanecendo o jornalista na prisão de Buki, em Bassorá no Sul do país.

Segundo o IPI tal tem sido possível porque os militares norte-americanos invocaram o direito a manter o jornalista detido pelo tempo que fosse necessário, ao abrigo de um pacto de segurança assinado entre os EUA e o Iraque no final de 2008 que estipula as normas para a entrega ao Iraque dos milhares de prisioneiros iraquianos que os norte-americanos mantêm sob custódia.

Recorde-se que esta não é a primeira vez que forças de segurança norte-americanas detêm jornalistas por períodos de tempo prolongados sem avançar com qualquer acusação: o fotojornalista Bilal Hussein esteve dois anos detido em Bagdade; o operador de câmara Sami al-Haj passou seis anos em Guantanamo; e o afegão Jawed Ahmad ficou preso 11 meses em Bagram por suspeitas de ser um “combatente inimigo”. Em Março de 2009, poucos meses após ser libertado, foi morto a tiro em Kandahar.

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