Jornalista da Rádio Moçambique detido pela Renamo

O jornalista Salvador Januário, da Rádio Moçambique, foi detido por membros e simpatizantes da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), tendo ficado cativo algumas horas nas instalações do movimento em Cabo Delgado.

O incidente teve lugar na cidade de Montepuez, onde o jornalista fez uma reportagem sobre actividades ilegais de apoiantes da Renamo, que foram vistos a rasgar panfletos de campanha de partidos rivais.

O mesmo grupo da Renamo também ameaçou vendedores do mercado de Montepuez, que temem que se repita uma insurreição como a que sucedeu a 9 de Novembro de 2000, em que 21 pessoas foram mortas.

Salvador Januário noticiou os acontecimentos na rádio, o que desagradou à Renamo, que enviou indivíduos para o vigiarem, tendo o repórter acabado por ser detido por mais de três horas e interrogado.

O jornalista não tenciona, apesar de tudo, tomar medidas contra a Renamo, em parte por temer represálias e em parte porque terá de continuar a assegurar a cobertura da campanha eleitoral em Montepuez.

A estrutura moçambicana do Instituto de Média da África Austral (MISA) condenou o acto da Renamo, que pode valer aos seus autores uma pena de até oito anos de prisão.

O facto de Salvador Januário não apresentar queixa não impede que a empresa para a qual trabalha – ou mesmo qualquer outra entidade que tenha tido conhecimento da sua detenção – o faça, uma vez que, em Moçambique, as acções contra jornalistas no âmbito da sua actividade profissional são consideradas crime público.

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