Jornalista condenada na Turquia

Pelin Ünker foi punida com 13 meses de cadeia depois do trabalho de investigação, no âmbito dos Paradise Papers, em que revelou informação sobre empresas offshore em Malta de Binali Yildirim, ex-primeiro-ministro turco, e dos seus filhos.

Pelin Ünker vai apresentar recurso, mas foi condenada a 13 meses de prisão na sequência do seu trabalho para o jornal Cumhuryet no âmbito dos Paradise Papers em que revelou detalhes sobre empresas offshore do ex-primeiro-ministro Binali Yildirim e dos seus filhos em Malta. A jornalista, agora ao serviço da Deutsche Welle, foi considerada culpada de “difamação e insultos” por um tribunal de Istambul, mas já rejeitou a acusação.

“Esta decisão não é uma surpresa, porque o resultado estava definido desde o início. Não existe qualquer ofensa ou difamação nos meus artigos”, defendeu a repórter, citada pelo jornal The Guardian. “A verdade é que Yildirim e os seus filhos são donos de empresas em Malta, conforme reconheceu o próprio e está também admitido na acusação”, acrescentou.

Gerard Ryle, diretor do ICIJ, afirmou que punir a jornalista com prisão é uma forma de “silenciar o trabalho criterioso e justo” da profissional. “O ICIJ elogia a investigação corajosa e verdadeira de Pelin Ünker e condena mais este assalto à liberdade jornalística pelo regime de Erdogan”.

Segundo relato do periódico, Ünker integra o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), rede com perto de quatro centenas de jornalistas em quase 70 países. As informações dos Paradise Papers, baseadas em fugas de informação, foram divulgadas por jornais como o Süddeutsche Zeitung ou o The Guardian, integrantes do ICIJ, dizendo respeito a casos de offshores nas Bermudas e noutros paraísos fiscais.

O diário lembra números divulgados pelo Committee to Protect Journalists, de acordo com os quais a Turquia era, no final de 2018, o país do mundo com mais jornalistas detidos (68).

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