Jornal basco encerrado reapareceu com outro nome

O diário basco “Egunkaria”, encerrado dia 19 pela Guarda Civil espanhola, foi publicado hoje com o nome “Egunera” pelos trabalhadores do jornal e uma manifestação de solidariedade foi convocada para sábado, dia 22, em San Sebastian.

“Fechado, mas não calado” foi o título de primeira página da edição de dia 21 de Fevereiro do “novo” diário, cujas 16 páginas foram integralmente dedicadas à operação policial do dia anterior, revela a edição digital do “Diario Vasco”.

O subdirector do “Egunkaria”, Xabier Lekouna, disse à rádio Euskadi que a Guarda Civil exerceu pressões para que o jornal não fosse impresso ou distribuído, mas este acabou por chegar a quase todos os pontos de venda habituais do “Egunkaria”.

A administração do jornal encerrado, o único que se publica em língua basca, rejeitou a acusação de ligações ao terrorismo que levou ao encerramento do diário e à detenção de dez jornalistas, todos eles membros da direcção ou editores, que esperam em Madrid para serem ouvidos pelo juiz Juan del Olmo.

Os três partidos que integram o Governo basco (PNV, Esquerda Unida e Eusko Alkartasuna) apresentaram ao Parlamento de Vitória uma proposta de lei para exigir a reabertura imediata do jornal, de que o Executivo regional era um dos financiadores.

Segundo a edição digital do diário britânico “Guardian”, o “Egunkaria” enfureceu o Governo de Madrid ao publicar, no ano passado, entrevistas a dirigentes da ETA.

Nem o juiz que determinou o encerramento nem o ministro da Justiça de Espanha conseguiram explicar como é que os jornalistas do diário alertavam a ETA sobre operações policiais iminentes, uma das razões invocadas na decisão judicial.

O “Egunkaria” (em basco, “jornal”) tinha uma circulação diária de 15 mil jornais. O nome do novo jornal, “Egunera”, significa “todos os dias”.

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