Dois anos volvidos sobre o assassinato de Martin O’Hagan, jornalista do semanário irlandês “Sunday World” morto na Irlanda do Norte a 28 de Setembro de 2001, a investigação policial está parada, acusa a Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
Em carta ao secretário de Estado britânico para a Irlanda do Norte, Paul Murphy, a organização solicitou às autoridades a nomeação de uma nova equipa de investigadores, independente da polícia de Lurgan, County Armagh (perto de Belfast), onde Martin O’Hagan foi abatido à porta de casa, e apelou ao emprego dos recursos necessários para que uma investigação exaustiva e transparente seja levada a cabo.
Para a RSF, a impunidade dos assassinos de Martin O’Hagan é um insulto à memória do jornalista, morto devido ao seu trabalho, e coloca em risco outros profissionais irlandeses. Aliás, segundo Seamus Dooley, secretário irlandês do Sindicato Nacional de Jornalistas (NUJ), as ameaças de morte aos jornalistas têm aumentado, e vêm na sua maioria de grupos paramilitares lealistas.
Segundo a polícia, oito suspeitos foram detidos e libertados em seguida por falta de provas, realizaram-se 32 buscas, mas sem resultados, e a investigação chegou a um impasse, embora não tenha ainda sido dada como terminada.
Porém, alguns jornalistas irlandeses consideram que a investigação foi deliberadamente bloqueada porque um informador ou um agente dos serviços secretos ou de segurança fazia parte do grupo que matou Martin OHagan, tese que é rejeitada pela polícia.
No entanto, Mick Browne, ex-colega do jornalista assassinado, garante que um dos agentes encarregues do inquérito policial estava a ser investigado por Martin OHagan por alegadas ligações a grupos paramilitares.
Com 51 anos de idade e pai de três crianças, Martin OHagan escrevia para o Sunday World acerca das ligações entre a polícia da Irlanda do Norte, elementos da secreta militar, grupos armados e gangues de droga, e tinha testemunhado num caso de difamação que envolvia acusações de conluio entre a polícia e grupos protestantes armados na década de 1980.
No dia seguinte ao assassinato de Martin OHagan, uma chamada anónima para a BBC reclamou a responsabilidade do acto para os Red Hand Defenders, nome usado por grupos militares lealistas, especialmente pela Força Voluntária Lealista (LVF), uma organização que segundo as investigações de Martin OHagan matara católicos com o único objectivo de encobrir tráfico de drogas.