Início do Curso de Segurança e Defesa para Jornalistas

Vinte e quatro jornalistas frequentarão, até 4 de Dezembro, o Curso de Segurança e Defesa que se iniciou hoje, em Lisboa, no Instituto da Defesa Nacional, organizado em parceria com o Sindicato dos Jornalistas (SJ) e o Cenjor–Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas.

O director do Instituto da Defesa Nacional (IDN), tenente-general Garcia Leandro, inaugurou o curso dando as boas-vindas aos jornalistas auditores do curso, que se efectua pela segunda vez e resulta de um protocolo assinado entre o SJ e o IDN.

O tenente-general Garcia Leandro salientou que as questões da segurança e da defesa dizem respeito a todos os cidadãos e que o IDN é “uma casa de estudo, que pensa o País como um todo”.

Em nome da SJ, o secretário da Direcção, José Luiz Fernandes, salientou a necessidade da formação contínua dos jornalistas, que deve ter expressão “como factor de progressão na carreira profissional”.

É a seguinte, na íntegra, a intervenção de José Luiz Fernandes:

Permitam-me breves palavras, em nome do Sindicato dos Jornalistas, começando por agradecer ao Instituto da Defesa Nacional, na pessoa do seu director, senhor general Garcia Leandro, a organização deste segundo Curso de Segurança e Defesa.

Este curso foi especificamente desenhado para habilitar os jornalistas com meios de conhecimento e instrumentos de análise de temas complexos e de questões vitais, no mundo de hoje e para o mundo de amanhã.

Um mundo de conflitos sangrentos, de ameaças e temores, um mundo que o cidadão tem dificuldade em compreender e sobre cujo futuro se interroga, sem encontrar respostas para as perplexidades que o inquietam.

Os jornalistas estão entre aqueles que têm como responsabilidade ética e social contribuir para que o cidadão conheça e compreenda. Conheça os factos e os acontecimentos, compreenda as suas causas e consequências, anteveja um futuro.

Mas para cumprir esse objectivo intrínseco à profissão, o jornalista também tem de conhecer e de compreender. Sem conhecer, sem compreender, que informação fará? Com que rigor, com que utilidade social? Deixo a resposta ao vosso cuidado…

Estudantes e jovens candidatos a jornalistas perguntam-me com frequência quais as características necessárias para se ser jornalista.

Costumo responder que a primordial e essencial condição é ter-se o desejo de aprender, de aprender permanentemente, de aprender mais, de aprender tudo. Sem esse desejo não há jornalista que sobreviva como jornalista.

Sabemos como esta característica é desdenhada por alguns jornalistas – sobretudo quando chegam a determinados lugares, aos quais teriam ascendido por já tudo saberem e nada mais terem a aprender do mundo e dos homens.

E sabemos, se sabemos, como ela é menosprezada por quem detém o poder económico nas empresas jornalísticas, actualmente mais interessadas no mero negócio das notícias, sem peias nem escrúpulos de ordem ética ou social.

Por isso, felicito vivamente os jornalistas, seniores e juniores, que se dispuseram a frequentar este curso, para obterem mais conhecimentos, para saberem mais, para melhor poderem cumprir a sua profissão.

Por isso, também não posso deixar de referir que algumas empresas (ainda poucas, infelizmente) propiciaram a jornalistas dos seus quadros a frequência deste curso, inclusive assumindo o pagamento da taxa de inscrição.

Talvez a atitude dessas empresas (ainda poucas, repito), talvez seja um sinal de que algo pode estar a mudar no entendimento que têm da necessidade da formação contínua dos jornalistas.

Necessidade que a actual direcção do Sindicato dos Jornalistas tomou como um objectivo estratégico: sensibilizando os jornalistas; incentivando o Cenjor a intervir mais profundamente nesta área de formação; procurando parceiros qualificados para a organização de cursos especializados; insistindo com as empresas, em sede negociação de contratação colectiva, para a inclusão da formação como factor de progressão na carreira profissional.

Para a actual direcção do Sindicato a qualificação profissional contínua é um dever indeclinável que trabalhadores e empregadores devem partilhar com responsabilidade e determinação, um dever que jornalistas e empresas jornalísticas têm para com o cidadão e pela sua particular responsabilidade na formação da opinião pública.

Um dever que se vai cumprindo com acções como a que hoje aqui se inicia.

Um bom curso, para todos, e que no seu final, tal como no ano passado, possamos dizer: valeu a pena, vamos continuar!

Partilhe