Indonésia quer limitar acesso a Aceh

As autoridades indonésias querem restringir os movimentos de jornalistas e de funcionários de organizações humanitárias em Aceh, a pretexto de ter dificuldades em os proteger da acção da guerrilha na região, denunciou a 13 de Janeiro a Aliança de Imprensa do Sudeste Asiático (SEAPA, na sigla inglesa).

Segundo a mesma fonte, outras notícias dão conta que o governo ordenou também aos trabalhadores humanitários e aos jornalistas que divulgassem às autoridades os seus planos de viagem, sob risco de expulsão do território. Por outro lado, o vice-presidente indonésio, Jusuf Kalla, fez saber que as tropas estrangeiras presentes no país teriam de sair até 31 de Março.

Estas medidas mereceram de pronto os protestos da Aliança de Imprensa do Sudeste Asiático (SEAPA) e do Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), que reiteram a necessidade de uma informação transparente em Aceh.

“As pessoas do mundo não só estão preocupadas com os habitantes de Aceh, como também têm o direito de saber se a ajuda que lhes destinaram está a chegar às comunidades a que deveria servir”, afirmou o director-executivo da SEAPA, Roby Alampay.

Posição idêntica tem Ann Cooper, directora-executiva do CPJ, para quem “as autoridades indonésias devem acabar de imediato com as restrições e permitir que os jornalistas trabalhem em liberdade. O mundo ficou comovido com a tragédia de Aceh e tem um interesse profundo em saber como estão a correr os esforços de ajuda.”

Até ao momento, já se registaram três casos de jornalistas impedidos de fazer o seu trabalho por parte de militares indonésios.

Bruno Bonamigo, produtor da “Radio Canada Information”, disse ao “The Jakarta Post” que as autoridades o impossibilitaram de fazer a reportagem da intervenção dos Médicos Sem Fronteiras na localidade de Sigli, no Norte de Aceh.

Além deste caso, a 6 de Janeiro um comandante das forças especiais indonésias ordenou a dois jornalistas – Martin Chulov e Renee Nowytager, do “The Australian” – que não noticiassem confrontos que tinham presenciado entre militares e simpatizantes do GAM, o grupo separatista que há luta há décadas pela independência da região.

Registe-se ainda que, a 29 de Dezembro de 2004, Michael Lev, do “Chicago Tribune”, e Handewi Pramesti, jornalista freelance indonésio, foram detidos durante 28 horas por militares, desconhecendo-se até hoje as razões da detenção.

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