Imprensa impedida de assistir a julgamento do caso Gongadze

A juíza Irina Grigoryeva proibiu a imprensa e o público de assistirem às audiências dos três réus e dos agentes de segurança do governo no âmbito do caso sobre o rapto e assassinato de Gyorgy Gongadze, uma decisão classificada pela Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) como “censura política e judicial” das provas que implicam altos funcionários na morte do repórter ucraniano.

A opção da magistrada foi tomada depois do advogado de Nikolai Protasov, um dos agentes da polícia acusado da morte de Gyorgy Gongadze, ter dito que a doença súbita do seu cliente – que levou a um adiamento do julgamento por duas semanas – se devera à presença da imprensa na sala do tribunal.

“Um julgamento secreto prejudica a integridade do processo e lança dúvidas sobre a democracia na Ucrânia. As pessoas têm o direito de saber exactamente o que aconteceu e quem esteve envolvido”, defende Aidan White, secretário-geral da FIJ.

Além dos três ex-agentes da polícia que são réus neste processo – Valery Kostenko, Nikolai Protasov e Aleksandr Popovych –, existem suspeitas de envolvimento de altas figuras do Estado, como o ex-presidente Leonid Kuchma, o antigo ministro do Interior Yuri Kravchenko, o porta-voz parlamentar Vladimir Litvin e o antigo chefe dos serviços de segurança Leonid Derkach, como mandantes do crime.

Essas suspeitas baseiam-se em cassetes de um ex-guarda-costas presidencial e, segundo a FIJ, são “demasiado explosivas para serem mantidas em segredo”, pelo que o assunto “deve ser averiguado num tribunal aberto”, de modo a que seja feita justiça a Gyorgy Gongadze.

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