IMATERIAL TV: MAIS UM PROJECTO IRREALISTA

O drama da Imaterial TV (projecto de jornalismo on-line que morreu à nascença sem ter sido disponibilizado na Internet) deixou quarenta jornalistas no desemprego, suscitando uma tomada de posição do Sindicato, que alertou para a necessidaqde cada vez mais imperiosa de regulamentar o sector.

1. Quatro dezenas de jornalistas de um sítio jornalístico que nem chegou a ser disponibilizado na Internet estão sem receber ordenados desde Fevereiro e sem possibilidade de recurso ao subsídio de desemprego porque, nos três ou quatro meses em que os ordenados foram pagos, não houve descontos para a Segurança Social.

2. O drama, bem real, atinge o sítio da Imaterial TV, desenvolvido por um grupo de jornalistas por incumbência da empresa de serviços na área da Internet Neurónio, que pagou, em Janeiro/Fevereiro, os últimos vencimentos dos trabalhadores ao serviço daquele projecto, a maior parte dos quais recrutados em Outubro do ano passado.

3. Além da falta de vencimentos, os jornalistas não têm local de trabalho, que também deixou de ser assegurado pela Neurónio, que nega qualquer relação com os trabalhadores em causa, apesar de ter aproveitado as suas criações e sugestões.

4. Trata-se de mais um processo cujas consequências , pela gravidade e extensão , devem fazer agir os poderes públicos, mas também devem fazer reflectir especialmente os jornalistas – não só os mais velhos e experientes, mas também os jovens à procura de um lugar na profissão ou procurando fugir da precariedade.

5. De facto, sobrevalorizando de forma irrealista e irresponsável as potencialidades que as novas tecnologias e plataformas oferecem, alguns empresários atraem e seduzem muitos jornalistas, especialmente os mais jovens, para as aparentes possibilidades que os novos media oferecem, criando-lhes legítimas expectativas que, como se vê, saem frequentemente goradas.

6. Este estado de coisas deve-se, em grande parte, à forma aventureira e muito pouco profissional com que alguns projectos ditos jornalísticos são lançados, traduzindo mais uma aposta de risco do que projectos concebidos com rigor e dimensionados com realismo.

7. Os problemas gerados neste novo sector, com ligações, por vezes, a outros negócios, relevam em boa parte da inexistência de regras relativas à difusão de criações jornalísticas online, conforme o Sindicato dos Jornalistas (SJ) tem vindo a denunciar há largo tempo.

8. Consciente das suas responsabilidades perante os jornalistas e a própria sociedade, o SJ, sem prejuízo de outras acções, como a denúncia à Inspecção Geral do Trabalho e o recurso aos tribunais, está a trabalhar no sentido de apresentar propostas concretas para a regulação do sector, nomeadamente a elaboração de um texto que contempla as regras que, no entender do SJ, devem enformar o quadro normativo da actividade jornalística online.

9. A fim de debater o exercício do jornalismo neste novo segmento e as formas de protecção dos direitos dos jornalistas nas suas empresas, o SJ decidiu convocar, para a segunda quinzena de Setembro, o 1.º Encontro Nacional de Jornalistas Online.

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