Identificado o corpo de jornalista morto na Ucrânia

Uma equipa de peritos identificou o corpo encontrado há três anos nos arredores de Kiev como sendo o do jornalista Georgiy Gongadze, em cuja morte poderão estar implicados alguns altos dignitários de Estado ucranianos.

A revelação foi feita ontem, na capital da Ucrânia, em conferência de Imprensa conjunta, pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e pelo Mass Media Institute, que encomendaram ao Instituto de Medicina Criminal, de Lausana, uma autópsia independente ao cadáver.

Os peritos afirmaram que existe uma probabilidade estatística superior a 99,91 por cento de o corpo ser de um filho de Lessie Gongadze, a mãe do jornalista.

O caso de Georgyi Gongadze tornou-se um caso nacional na Ucrânia, poucas semanas após o aparecimento do cadáver, quando foram divulgadas gravações supostamente feitas no gabinete do Presidente ucraniano, que pareciam implicar alguns dignitários oficiais no desaparecimento.

Gongadze era um jornalista político conhecido pelas posições críticas em relação ao Presidente Kuchma e editava um jornal on-line, o www.pravda.com.ua.

Em 2001, a RSF investigou na Ucrânia o desaparecimento do jornalista, que contava 31 anos e concluiu que o inquérito policial ignorou várias pistas e preocupou-se sobretudo em proteger as autoridades. A mãe e a mulher do jornalista, Miroslava Gonzadge, nunca tiveram acesso ao processo ou às autópsias. A organização de jornalistas responsabilizou o então procurador-geral, Mikhailo Potebenko, pela forma como o inquérito foi conduzido.

O secretário-geral da RSF, Robert Ménard, que é o representante legal da mãe e da mulher de Georgyi Gongadze, pediu esta semana ao actual procurador-geral, Sviatoslav Piskun, o levantamento da imunidade parlamentar a Potebenko, que foi eleito deputado em Março de 2001.

Quando substituiu Potebenko, Piskun decidiu recomeçar do zero a investigação sobre a morte de Gongadze.

De acordo com Robert Ménard, essa investigação está finalmente a progredir. “As atenções estão agora concentradas num conjunto definido de pessoas e os investigadores vão começar a observar o Ministério do Interior”, disse o secretário-geral da RSF, no final do encontro de duas horas com Sviatoslav Piskun.

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