Homenagem a Luis Suárez em Albaida del Aljarafe

Albaida del Aljarafe, pequena localidade a cerca de 20 quilómetros de Sevilha, homenageou, em 4 de Fevereiro, o jornalista hispano-americano, Luis Suárez, falecido em Junho de 2003, com 85 anos. Luis Suárez foi um grande amigo do Sindicato dos Jornalistas, que se fez representar na homenagem por Martins Morim, vogal da Direcção.

A cerimónia foi inserida numa homenagem mais ampla, durante a qual foi inaugurado um monumento monolítico em memória das vítimas da Guerra Civil de Espanha, entre as quais se contam muitos albaidenses.

À data do seu falecimento, Luis Suárez exercia ainda a presidência da Federação Latino-Americana de Jornalistas (Felap). Foi também vice-presidente da Organização Internacional de Jornalistas (OIJ) e, posteriormente, seu presidente de honra, mas foi sobretudo um grande jornalista, repórter de quase todas as guerras do século passado e escritor com mais de 30 livros sobre temas mexicanos e internacionais

Luis Suárez López nasceu a 30 de Março de 1918 em Albaida del Aljarafe. Com 17 anos trabalhava já na Union Radio Sevilla e, com 18, publicou os primeiros artigos no jornal sevilhano El Liberal, mas por pouco tempo. Em Julho de 1936, aderiu às milícias populares do seu país, quando rebentou a Guerra Civil após o golpe de Estado franquista e combateu em diversas frentes. Após a derrota dos republicanos, em 1939, esteve quatro meses num campo de refugiados em França de onde saiu para cruzar o oceano em direcção ao México. Dois anos depois, obteve a nacionalidade mexicana, mas, como gostava de dizer, «sempre se sentiu o mais abaidense do mundo».

Ainda em 1939 e já no México, começou a trabalhar em diversos órgãos de comunicação: repórter da revista Tiempo, chefe de informação da revista Mañana, durante 23 anos chefe de informação da revista Siempre, colunista e colaborador do Diario de la Tarde, de México en la Cultura e do diário Novedads. Foi ainda redactor do diário Uno mas uno e colaborador da agência Notimex e da revista Macroeconomia.

De 1982 até 2002, foi editorialista do diário Excelsior, ao serviço do qual se notabilizou com entrevistas e reportagens especiais. Nesse período, colaborou ocasionalmente noutras publicações. Desde Fevereiro de 2002 e ate }a data do seu falecimento foi editorialista de El Sol de México e colaborou noutras publicações da Organização Editorial Mexicana.

Durante 17 anos, manteve no Canal 11 o programa Luis Suárez en el Once e durante cinco o programa Opinión: Luis Suárez desde Cuernavaca, transmitidos por diversas estações de televisão da Rede Nacional dos Estados da Republica.

Luis Suárez foi distinguido com o Prémio Nacional de Jornalismo, no género entrevista, em 1979. Recebeu também o Prémio Internacional da Organização Internacional de Jornalismo e quatro primeiros prémios do Clube de Jornalismo da Cidade do México.

Saudação do SJ

O texto da saudação do Sindicato dos Jornalistas, de que Martins Morim foi portador, é o seguinte:

“A Direcção do Sindicato dos Jornalistas de Portugal sente-se honrada por poder compartilhar convosco, familiares e amigos de Luis Suárez, esta hora de evocação da vida e obra de um homem com H e aplaude também a iniciativa de Albaida de Aljarafe de perpetuar o nome de um dos seus mais ilustres filhos.

“Luis Suárez foi não só um grande jornalista, mas também corajoso repórter de guerra e incansável defensor de causas nobres. Foi actor da Guerra Civil de Espanha, mas foi também, e acima de tudo, combatente pela paz e pelos ideais da liberdade e da democracia durante toda a vida, mais de 60 anos da qual dedicados à profissão que abraçou.

“A sua actividade profissional foi também marcada pela cobertura, como repórter, de diversos acontecimentos em zonas de conflito na América Latina e noutras regiões do globo como a guerra no Vietname, a situação no Afeganistão, a revolução dominicana em 1965, a luta de guerrilha na Bolívia, a luta dos palestinianos a partir dos seus campos de refugiados na Jordânia, os acontecimentos em Cuba e no Haiti, a revolução na Nicarágua. Além disso, entrevistou numerosos Chefes de Estado e dirigentes políticos da América Latina e do mundo. A lista é longa e seria maçador citar todos os nomes. Mas citamos alguns: Fidel Castro, Willy Brandt, Garcia Marquez e José Saramago, Rigoberta Menchú, Dolores Ibaurri, a Pasionária, e Indira Ghandi, Felipe Gonzalez e Álvaro Cunhal, general Torres da Bolívia e Anastásio Somoza da Nicarágua…

“Autor de mais de 30 livros sobre temas mexicanos e internacionais, Luis Suárez foi distinguido em 1979 com o Prémio Nacional de Jornalismo, no género entrevista, e com o Prémio Internacional da Organização Internacional de Jornalismo —organização de que foi vice-presidente, primeiro, e Presidente de Honra, depois — e com quatro primeiros prémios do Clube de Jornalismo da Cidade do México. Foi presidente da Federação Latino-Americana de Jornalistas (Felap) desde 1995 até à sua morte, tendo, anteriormente, desempenhado o cargo de secretário-geral durante dez anos.

“«Veja-me eu por dentro ou por fora, sou quem sempre quis ser o que é e que quer continuar a sê-lo: jornalista ao serviço de causas justas e humanas», disse Luis Suárez, na que foi talvez a sua última grande entrevista, concedida à revista portuguesa Jornalismo & Jornalistas, feita durante a última visita a Lisboa e ao nosso sindicato.

“Não. Luis Suárez foi muito mais do que isso: foi uma testemunha da história.

“A Direcção do Sindicato dos Jornalistas sente orgulho em ter tido em Luis Suárez um grande amigo, que foi também exemplo para os jornalistas. Saberemos honrar a sua memória.”

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