Governo da Madeira tenta controlar os média

O presidente da Direcção Regional da Madeira do Sindicato dos Jornalistas (SJ), Dionísio Andrade, denunciou, em entrevista ao “Expresso das Ilhas”, as tentativas do controlo da informação pelo Governo Regional.

Dionísio Andrade opõe-se à autonomização dos centros regionais da RTP e RDP, por não estarem criadas “as condições para a liberdade plena de imprensa nesses dois órgãos de comunicação social públicos”. O responsável do SJ na Madeira considera que declarações recentes de Alberto João Jardim sobre a RTP/Madeira, as quais foram condenadas pela Alta Autoridade para a Comunicação Social, mostram que o presidente do Governo Regional se arroga o direito de interferir na informação do canal público, mesmo sem estar consumada a sua autonomização.

“Se o presidente do Governo já quer ditar a linha editorial que deve seguir a televisão e chega a afirmar que não deveria cobrir muito a CDU e deveria dar mais tempo de antena ao PSD e ao Governo… Se isto não é uma interferência…”, disse Dionísio Andrade, na entrevista ao “Expresso das Ilhas”.

A privatização do “Jornal da Madeira” é outra medida defendida pelo dirigente do SJ. “Já participei em alguns colóquios internacionais sobre comunicação social e ninguém tem conhecimento de um jornal que seja 99% do Governo, pago pelo erário público”, afirmou.

“Uma forma de controlar a opinião pública é controlar os jornalistas e os órgãos de comunicação social, não de uma forma directa, mas através de pressões e ameaças, com declarações que nada dignificam a nossa classe, ainda para mais vindas de uma pessoa que deve a sua carreira política ao jornalismo”, disse o responsável pelo SJ na região.

Para Dionísio Andrade, a imprensa madeirense “ainda não é tão livre como eu gostaria”. O dirigente sindical pensa que a saída de Alberto João Jardim poderia significar uma abertura no panorama da comunicação social na região, mas receia que um eventual sucessor “não tenha a força suficiente para implementar essa abertura, devido a certos condicionalismos e a certos lóbis”.

Na entrevista ao jornal açoriano, Dionísio Andrade falou ainda nas dificuldades da acção sindical na região e lembra que “o SJ também sente muitas dificuldades em chegar à opinião pública. Isto, por si só, já é um sintoma do que se passa”.

Partilhe