Global Media Group garante pagamento do subsídio de Natal até dia 7

Garantia foi dada em reunião da administração com o Sindicato dos Jornalistas.

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) questionou a administração do Global Media Group (GMG) sobre a situação financeira do grupo, na sequência da informação enviada aos trabalhadores sobre o adiamento do pagamento do subsídio de Natal, tendo recebido a garantia de que este será pago até dia 7, de acordo com a lei.
Depois das recentes notícias sobre o Global Media Group, uma delegação do Sindicato de Jornalistas – composta por três dirigentes sindicais e pela delegada sindical do jornal “O Jogo” (o delegado sindical do Diário de Notícias não pôde comparecer, por motivos de agenda) – reuniu-se com o administrador do GMG, Vítor Ribeiro, e com o diretor geral de conteúdos do grupo, Afonso Camões.
Vítor Ribeiro confirmou as dificuldades de tesouraria, mas garantiu que não está em causa o pagamento de salários e que o subsídio de Natal será pago até ao dia 7 de dezembro, cumprindo o Contrato Coletivo de Trabalho de Imprensa e de Radiodifusão em vigor.
O SJ questionou ainda a administração do grupo sobre a alteração na data de pagamento aos colaboradores, que passou a ser feito ao dia 5 de cada mês, mas sobre este ponto Vítor Ribeiro não assumiu qualquer compromisso.
O administrador do Global Media Group disse que as dificuldades de tesouraria decorrem da conjuntura do mercado dos média, em Portugal e no mundo, afetado pela diminuição da circulação paga, pelo aumento do custo do papel e pela perda de receitas publicitárias. decorrentes também da absorção de receitas por parte de gigantes tecnológicos mundiais como a Google e o Facebook, que usam conteúdos dos órgãos de comunicação social sem pagarem por isso.
O SJ questionou o responsável sobre os investimentos feitos desde a entrada, no capital da empresa, há um ano, do empresário de Macau Kevin Ho.
Vítor Ribeiro revelou que foram feitas apostas noutras áreas de negócios, nomeadamente no Gaming e Gambling (plataforma de jogos e apostas online) e no canal V Digital, que ainda não deram retorno financeiro: no primeiro caso devido a dificuldades burocráticas de arrancar com o negócio, que estão a ser resolvidas; no segundo, porque “tem só quatro meses de atividade” e ainda não se impôs.
Uma das apostas do novo investidor no GMG foi a reformulação do “Diário de Notícias”, que passou de jornal diário a semanário. Vítor Ribeiro disse que os números de vendas não estão a corresponder às expectativas e às estimativas, mas garantiu que o DN “vai ter sempre de existir em papel, mas tem de crescer no digital”.
O Sindicato de Jornalistas manifestou à administração do GMG preocupação com o futuro dos trabalhadores do grupo, sublinhando que as empresas nas quais trabalham já foram alvo, ao longo dos anos, de vários processos de despedimento, justificados por problemas financeiros decorrentes do decréscimo de receitas publicitárias e vendas de jornais, da venda de posições acionistas e da conjuntura económica desfavorável.
No entender do SJ, a essas juntam-se atos de gestão tomados sem uma avisada avaliação de risco, que acabaram por comprometer a saúde financeira das empresas e, sobretudo, os postos de trabalho.
O administrador admitiu que há apostas a rever e alterar e garantiu que todas as decisões foram tomadas tendo por base estudos de mercado.
Vítor Ribeiro garantiu que os investimentos em novos projetos ou a abertura a outras áreas de mercado “não afetam os negócios tradicionais”, sustentando que “há uma fórmula de distribuição da riqueza no grupo” e que as “contas dos negócios tradicionais e novas apostas são separadas”.
O SJ apela aos trabalhadores do GMG para se organizarem em estruturas representativas, elegendo delegados sindicais, conselhos de redação e comissões de trabalhadores, de modo a que melhor possam assegurar a defesa dos seus direitos.

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