Giuliana Sgrena apela à retirada das tropas italianas do Iraque

A jornalista italiana Giuliana Sgrena apelou em lágrimas ao governo do seu país para que retire as tropas do Iraque, caso contrário poderá sofrer a mesma sorte que o seu camarada e compatriota Enzo Baldoni, assassinado em 2004 pelos seus sequestradores.

As palavras e as imagens da repórter do diário “Il Manifesto” surgiram a 16 de Fevereiro num vídeo enviado para a Associated Press Television News (APTN) e retransmitido por diversas estações de televisão.

Visivelmente debilitada pela situação, a jornalista raptada a 4 de Fevereiro falou em frente de um painel com letras vermelhas, onde se lia em caracteres árabes o nome de um grupo desconhecido: “Mujahedeen Sem Fronteiras”.

“É preciso acabar com a ocupação. É a única forma de conseguirmos sair desta situação. Peço ao governo italiano, ao povo italiano que luta contra a ocupação, peço ao meu marido, por favor, ajudem-me. Têm de fazer os possíveis para acabar com a ocupação. Conto convosco, vocês podem ajudar-me”, pediu Giuliana Sgrena.

Não obstante os apelos da jornalista de 56 anos, o governo italiano liderado por Silvio Berlusconi já garantiu que não vai aceder às exigências dos raptores de retirar as tropas.

Aliás, horas depois da transmissão do vídeo, o Senado aprovou o prolongamento até Junho da missão militar transalpina no Iraque, uma medida que só precisa agora da aprovação do parlamento para entrar em vigor.

Desde Abril de 2004 que pelo menos 23 jornalistas – incluindo Giuliana Sgrena – foram raptados por grupos armados no Iraque, dos quais 21 foram libertados e um, Enzo Baldoni, executado pelos sequestradores.

Há ainda a registar dois jornalistas franceses desaparecidos: Fred Nerac, operador de câmara da ITV News visto pela última vez em Março de 2003 perto de Bassorá, e Florence Aubenas, do jornal “Libération”, desaparecida a 5 de Janeiro deste ano juntamente com o tradutor iraquiano Hussein Hanoun al-Saadi.

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