Futuro do jornalismo debatido na reunião anual da FEJ

Sob o título “Jornalismo na Encruzilhada: Enfrentar o Declínio dos Média”, vários representantes dos jornalistas europeus reuniram-se em Berlim entre 13 e 15 de Junho para a reunião anual da Federação Europeia de Jornalistas (FEJ), que este ano debateu o futuro do jornalismo numa altura de profunda incerteza e crise no sector dos média.

O encontro contou com a presença do Sindicato dos Jornalistas (SJ) e teve como principal orador convidado o presidente da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), Jim Boumelha, que analisou o futuro do jornalismo num ambiente mediático global e a agenda sindical europeia.

No seu discurso, Jim Boumelha destacou a necessidade de organização da classe “para fazer face aos desafios colocados pelo declínio dos média tradicionais, pelo aumento na concentração da propriedade dos média e pelos lucros às custas da qualidade”, frisando que os sindicatos de jornalistas devem juntar-se para lutar pela qualidade, ética e integridade do jornalismo, sem esquecer a luta por melhores condições de trabalho.

O presidente da FIJ afirmou ainda que há mais de uma década que a organização alerta para o problema da concentração dos média – agora chamada de “consolidação dos média” nos EUA –, uma questão que cada vez mais se coloca, pois a nível global a indústria dos média está cada vez mais nas mãos de poucos.

O facto de o capital dos média ser cada vez mais dependente de private equity e outros fundos de investimento faz com que as decisões de curto prazo sejam sobretudo tomadas a pensar nos interesses dos accionistas, havendo pouco interesse na sustentabilidade das empresas e na qualidade do que se apresenta aos cidadãos.

Declarações e moções aprovadas

Foram aprovadas duas declarações de solidariedade: uma para com Moussa Kaka, correspondente da RFI no Níger que está preso desde 20 de Setembro de 2007 sob a acusação de “colaboração com grupos tuaregues rebeldes”; e outra para com os jornalistas russos, acompanhado de um apelo às autoridades para que reforcem as investigações às mortes de profissionais da comunicação no país.

O plenário aprovou ainda oito moções relativas a direitos sindicais e acordos colectivos, abordando casos concretos em França, na Grécia, em Israel, no Reino Unido, na Irlanda e na Suíça, bem como questões mais genéricas como a precariedade no jornalismo e o estatuto dos jornalistas que trabalham nos novos média.

Os temas da qualidade, dos direitos de autor e da liberdade de imprensa também estiveram presentes em dez moções aprovadas, das quais três se referiram a casos localizados, como a protecção das fontes na Suécia, os direitos de autor na Finlândia e as sanções penais contra jornalistas na Suíça.

Os temas genéricos das outras sete foram a convergência dos média, os valores do serviço público, as questões da imigração e a justa remuneração dos jornalistas pelo seu trabalho como autores. Houve ainda moções relativas à campanha Stand Up for Journalism e ao Dia dos Jornalistas Europeus pelo Jornalismo de Qualidade e o Direito à Informação, sugerindo a sua celebração a 10 de Dezembro.

Por fim, houve igualmente lugar a moções sobre o serviço público de radiodifusão na Europa, sobre a promoção de um conjunto de padrões mínimos a nível europeu que garantam a independência dos jornalistas e sobre a necessidade de maior cooperação entre a FIJ e a FEJ.

Para ver em detalhe as moções apresentadas, consulte o sítio da FEJ.

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