Forças de segurança perseguem semanário nos Camarões

As forças de segurança dos Camarões têm perseguido judicialmente o semanário “L’Oeil du Sahel”, afirma o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), baseando-se nos, pelo menos, 12 casos contra o jornal que foram apresentados desde o início deste ano e que ameaçam a viabilidade financeira do título.

Fundado em 1998, o “L’Oeil do Sahel” é uma das poucas publicações independentes do norte do país, e costuma noticiar abusos de poder das forças de segurança da região, o que tem levado a ameaças regulares de soldados e autoridades locais.

A 17 de Agosto, um tribunal de Maroua condenou in absentia o director do jornal, Guibaï Gatama, ao pagamento de uma multa de dois milhões de francos CFA (cerca de 3000 euros) e de duas indemnizações de 5 milhões de francos CFA (à volta de 7600 euros) cada, uma ao chefe da segurança militar da província e outra ao superintendente do liceu local, alegadamente difamados numa notícia da publicação.

Esta sentença surge numa altura em que o jornal está a recorrer de um veredicto de Abril em que Guibaï Gatama e um repórter foram condenados a cinco meses de prisão e uma multa de 5 milhões de francos CFA por criticarem uma brigada de polícia local, estando a sessão marcada para 30 de Agosto.

“Embora não contestemos o direito dos cidadãos a serem compensados por alegadas difamações, este padrão de perseguição sugere uma campanha orquestrada”, afirma Ann Cooper, directora-executiva do CPJ, lembrando que, segundo Guibaï Gatama, as audiências de Abril e de Agosto foram conduzidas sem o conhecimento e sem a presença da administração e dos jornalistas do “L’Oeil du Sahel”.

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