FIJ pressiona autoridades ucranianas por causa de Pavel Sheremet

Jornalista foi assassinado há um ano. Investigações entretanto encetadas não produziram qualquer efeito em termos de acusação a algum suspeito.

A Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) juntou-se aos sindicatos de jornalistas da Ucrânia para instar as autoridades a apresentarem resultados da investigação ao assassínio de Pavel Sheremet.

“O assassínio de Sheremet é mais um trágico exemplo de hostilidade disseminada contra a liberdade de imprensa na Ucrânia”, afirmou Philippe Leruth, presidente da FIJ. “Na Ucrânia, os jornalistas enfrentam todos os dias ameaças às suas vidas por parte de grupos que os perseguem e intimidam, gozando de impunidade, uma vez que as autoridades são cúmplices nos ataques ao media ou absolutamente incapazes de os proteger”, acrescentou. “A FIJ exige um relatório público por parte dos responsáveis acerca dos resultados do processo de investigação ao homicídio de Pavel Sheremet”, sublinhou.

Além disso, recordou o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, da sua promessa de integrar um investigador independente internacional para colaborar com as autoridades policiais no caso.

Um ano depois de o jornalista bielorrusso ter sido vítima de um atentado com um carro-bomba, a 20 de julho, em Kiev, o caso não teve qualquer desenvolvimento sob o ponto de vista de acusações dirigidas a algum suspeito.

Os investigadores suspeitam que o assassínio de Sheremet, cujo trabalho era desenvolvido no site Ukrainska Pravda e na Radio Vesti, estará relacionado com o tom crítico que sempre utilizou face às autoridades russas, ucranianas e bielorrussas.

“Trata-se do assassínio de um jornalista com renome internacional e que aconteceu no centro de Kiev. A investigação deveria ter sido rápida e eficiente para que os culpados fossem punidos de imediato e se enviasse um sinal à sociedade no sentido de que são inadmissíveis os crimes contra jornalistas”, afirmou Sergiy Tomilenko, líder do sindicato NUJU.

Dados recolhidos pelo OCCRP e pelo Slidstvo, organizações ligadas a projetos de jornalismo de investigação, revelaram gravações de segurança que as autoridades ucranianas menosprezaram. Nestas gravações foi possível identificar Igor Ustimenko, ex-agente dos serviços secretos ucranianos (SBU), mas também perceber a presença de outros dois desconhecidos na altura da colocação da bomba no veículo.

Estas provas só foram incluídas no processo oficial de investigação depois da sua divulgação pública por parte do OCCRP e do Slidstvo. Ustimenko foi mesmo interrogado no passado mês de maio, embora as autoridades se recusassem a partilhar qualquer dado sobre a situação. Entretanto, OCCRP e Slidstvo trouxeram a público as suas descobertas num documentário intitulado “Killing Pavel”.

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