FIJ e FEJ condenam assassínio de jornalista em Malta

Daphne Caruana Galizia era responsável por um dos blogs mais lidos no país, denunciara o envolvimento de políticos malteses nos Panama Papers e, há duas semanas, apresentara queixa na polícia devido a ameaças.

A Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) e a Federação Europeia de Jornalistas (FEJ) condenaram o assassínio da jornalista maltesa Daphne Caruana Galizia, de 53 anos, responsável pelo Running Commentary, um dos blogs mais lidos no país. A jornalista foi vítima de uma bomba colocada no seu carro.

O presidente da FIJ, Philippe Leruth, foi porta-voz da indignação perante o crime: “O assassínio de Daphne deixa a comunidade jornalística em estado de choque. Exigimos uma investigação imediata, pois este assassínio brutal é um ataue evidente contra a liberdade de imprensa.”

Já o seu homólogo da FEJ, Mogens Blicher Bjerregård, afirmou: “Estamos chocados com mais um assassínio de um jornalista na Europa. É preciso esclarecer este crime para lá de qualquer dúvida e com rigor. é um ato que nos recorda como a segurança dos jornalistas merece ser considerada uma prioridade na União Europeia.”

Jornalista de investigação, Daphne fora processada inúmeras vezes, tendo denunciado diversos casos de corrupção e o envolvimento de políticos malteses nos Panama Papers.

Matthew Caruana Galizia, um dos filhos da repórter e também ele jornalista de investigação, é citado no diário “The Guardian” sobre críticas contundentes que publicou no Facebook a propósito do crime contra a sua mãe. Matthew investiu contra a “cultura de impunidade” vigente em Malta e também contra “os corruptos que estão no poder”. E acrescentava: “A minha mãe foi assassinada porque só ela se colocava em defesa do estado de Direito e aqueles que procuram violar as suas regras como sucede com tantos jornalistas. Mas ela era também um alvo porque era a única pessoa que agia desta forma. Situações destas acontecem quando as instituições do Estado são incapazes – a última barreira é, muitas vezes, um jornalista. E isso transforma-o no primeiro a ser morto.”

Conforme relata a FIJ, no passado mês de fevereiro já a FEJ alertava para o facto de as contas bancárias da jornalista terem sido congeladas, depois de o ministro da Economia de Malta e um seu consultor a processarem quando Daphne Caruana Galizia revelou que ambos visitaram uma casa de prostituição durante a sua visita oficial à Alemanha.

Há cerca de duas semanas, Daphne queixara-se à polícia de que estava a receber ameaças.

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