FIJ condena censura durante a visita de Xi Jinping a Hong Kong

Um programa satírico que mencionava o dissidente Liu Xiaobo, prémio Nobel da Paz em 2010, foi alvo de inesperada alteração.

A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) criticou de forma veemente as ações de censura a meios de comunicação, exercidas pelas autoridades durante a visita a Hong Kong do presidente chinês, Xi Jinping, numa altura em que se assinalaram os 20 anos da entrega do território por parte do Reino Unido.

Relata a FIJ que, no passado dia 30, o programa satírico “Hardliner”, do serviço público de rádio e televisão local (TVB), foi retirado do seu horário habitual com o argumento da emissão de um especial de notícias de última hora. Quando foram colocadas questões pelos representantes do sindicato (Programme Staff Union of the Radio, Television of Hong Kong) surgiu a proposta de que fosse agendado para o dia seguinte. Face à oposição sindical, os responsáveis da TVB admitiram exibi-lo num canal diferente.

Face ao sucedido, o RTHK considera que “foram violados vários princípios de um acordo estabelecido há muitos anos, uma vez que a TVB retirou o programa de forma unilateral sem que antes houvesse uma discussão sobre o assunto com o sindicato”. E, acrescentando que “talvez haja uma história por contar acerca deste episódio”, o RTHK lembrou que o programa incluía uma atualização sobre uma situação relacionada com o dissidente Liu Xiaobo – escritor, professor, defensor dos Direitos Humanos, um dos signatários da Carta 08 e, por essa razão, detido em 2009. Foi condenado a 11 anos de prisão e não pôde receber o prémio Nobel da Paz que lhe foi atribuído em 2010 -, sob vigilância médica após diagnóstico de cancro no fígado.

Por outro lado, vários jornalistas estrangeiros foram alvo de atos de intimidação e injúrias por parte de um grupo anti-democracia quando acompanhavam uma manifestação realizada no dia 30. Vários manifestantes foram alvos para a polícia quando procuravam abordar o presidente chinês a propósito da situação médica de Xiaobo e Avery Ng, líder da League of Social Democrats, foi mesmo agredido, enquanto os fotojornalistas eram impedidos de registar o incidente.

A FIJ, solidarizando-se com o sindicato local, pediu explicações acerca da situação relacionada com a alteração do programa e pediu a libertação imediata de Liu Xiaobo e autorização para que possa viajar e submeter-se a tratamento, condenando ainda e solicitando que as autoridades investiguem a agressão a Avery Ng, além de zelarem, como é seu dever, pelos direitos dos media em Hong Kong.

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