FIJ acusa forças militares dos EUA de perseguir jornalistas no Iraque

A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) manifestou ontem a sua preocupação pelo crescente número de jornalistas estrangeiros perseguidos no Iraque pelas forças norte-americanas.

“Há um sentimento crescente de que a frustração militar pela continuação das hostilidades no Iraque está a provocar actos de intolerância contra os jornalistas e os média”, disse Aidan White, secretário-geral da FIJ. Fazendo notar que “a pressão sobre os repórteres não tornará a ocupação mais fácil”, Aidan White alertou que tal atitude, a ter algum efeito, “será o de tornar as coisas piores”.

A FIJ ilustra a sensação de mal-estar entre os jornalistas com casos concretos:

– a 29 de Julho, a direcção norte-americana das forças de coligação anunciou a detenção de Said Abu Taleb e Soheil Kareemi, jornalistas da televisão estatal iraniana, por “violações da segurança”, depois de terem sido presos em Diwaniyah a 1 de Julho e apesar de o Comando Central dos EUA não ter conseguido provar essas acusações;

– a 28 de Julho, soldados norte-americanos em Bagdad agrediram e detiveram Kazutaka Sato, um repórter japonês da Japan Press, quando filmava o assalto militar a uma casa em busca de Saddam Hussein;

– a 27 de Julho, as forças norte-americanas detiveram quatro jornalistas turcos – Yalçin Dogan, Özdemir Ince, Faruk Balikiçi e Ferit Aslan – e destruíram-lhes as fotografias que haviam tirado com uma câmara digital;

– no mesmo dia, Nawaf al-Shahwani, da estação de televisão Al Jazeera, foi preso e os seus filmes confiscados. O jornalista e o seu motorista estiveram detidos até à tarde do dia seguinte.

Como afirmou Aidan White, “todos estes incidentes são difíceis de justificar e reflectem um espírito de intolerância”. “Os jornalistas que não estão directamente sob protecção militar são tratados com suspeição e os seus direitos são desrespeitados. Isso é inaceitável. Os jornalistas devem poder trabalhar em liberdade, mesmo que relatem histórias de que os militares não gostem”, sublinhou o secretário-geral da FIJ.

Partilhe