FENAJ alerta para intervenção de Tanure na Varig

A Federação Nacional dos Jornalistas brasileiros (FENAJ) considera que a pior solução para a Varig é passar para o controlo do empresário Nelson Tanure, cuja intervenção no “Jornal do Brasil” e na “Gazeta Mercantil” se tem pautado pela liquidação de postos de trabalho e atropelos à lei.

Segundo o presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade, quando o empresário Nelson Tanure afirma que o seu objectivo em relação à Varig é “optimizar o nível de empregos”, isso significa “em linguagem ‘tanuriana’ despedimentos em massa, terceirização e dificuldades, os mesmos procedimentos ilegais adoptados no ‘Jornal do Brasil’ e na ‘Gazeta Mercantil’, que ele também controla”.

Em comunicado divulgado na imprensa brasileira a 27 de Dezembro, a FENAJ afirma que é “com indignação e preocupação cívica que jornalistas profissionais de todo o Brasil acompanham as manobras do empresário Nelson Tanure para comprar a Varig”, pelo que “os profissionais de imprensa representados por seus sindicatos se sentem na obrigação patriótica de alertar as autoridades e a sociedade para os riscos da transação”. Segundo o documento, “o desrespeito sistemático do referido empresário” pelas leis do trabalho e pelos direitos dos seus empregados, assim como os seus processos judiciais, permitem fazer uma ideia do “futuro incerto” que espera os trabalhadores da Varig caso a operação seja consumada.

Um inimigo dos jornalistas

Em pouco mais de uma década, afirma a FENAJ, Nelson Tanure acumulou negócios em diferentes sectores da economia e passou a engrossar a lista dos maiores devedores da Previdência. “Arrendatário dos tradicionais ‘Jornal do Brasil’ e ‘Gazeta Mercantil’, Tanure tornou-se “um dos maiores inimigos dos jornalistas preocupados com a dignidade da profissão e com a qualidade da informação recebida pela sociedade brasileira”, acusa a Federação.

O “Jornal do Brasil”, a primeira investida de Tanure no sector dos média, viu a sua redacção “enfraquecida por salários aviltantes, pelo corte de mais da metade dos empregos, pela precarização das condições de trabalho e pela exploração de estagiários em proporções jamais vistas nas empresas de comunicação”, denuncia a FENAJ, sublinhando que há mais de 600 processos na Justiça do trabalho contra o “Jornal do Brasil”. Quanto à “Gazeta Mercantil”, o passivo chega a 90 milhões de reais, e a “sucursal carioca deste jornal, que já teve 30 profissionais, hoje está reduzida a dois repórteres”.

O comunicado, que é subscrito pelos sindicatos dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, do Município do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, do Distrito Federal, no Estado do Rio Grande do Sul, do Estado da Bahia e pela Associação Brasileira dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos (Arfoc-Brasil), salienta ainda que para os “jornalistas de todo o Brasil, Nelson Tanure representa desemprego e menosprezo à dignidade dos trabalhadores” pelo que alertam “os credores das empresas ligadas à Varig sobre os riscos que estarão correndo com a efectivação do negócio” e rogam “às autoridades judiciárias que não permitam o desmanche de mais uma tradicional empresa brasileira”.

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