FEJ e FIJ condenam julgamento de jornalistas na Turquia

Ao todo são 17 os profissionais do jornal Cumhuriyet em causa, devendo a ação decorrer até à próxima quinta-feira. Instituições exigem libertação imediata.

Apesar dos protestos e da condenação de instituições como a Federação Europeia de Jornalistas (FEJ), a Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) e os Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o julgamento de 17 jornalistas e profissionais da publicação turca Cumhuriyet começou hoje, no Palácio da Justiça, em Istambul.

A FEJ e a FIJ juntaram-se aos seus associados do TGS e do DISK Basin-Is na condenação de um julgamento que se baseia na acusação de que o jornal apoia os curdos do PKK e o FETO, ao qual foi atribuída a responsabilidade pelo golpe falhado do ano passado.

De acordo com a FEJ, os profissionais em causa são acusados de “apoio a uma organização terrorista armada” e “abuso de confiança”. Alega o Estado que, desde 2013, o jornal “tem agido como defensor e protetor” das referidas organizações, embora a publicação se tenha mostrado sempre crítica de ambas as entidades. No total, as acusações, que se baseiam em tweets e textos noticiosos, podem degenerar em penas de 43 anos de prisão.

“A FIJ e a FEJ analisam estas acusações por aquilo que são: uma flagrante perseguição de um jornal independente e crítico”, defendeu Philippe Leruth, presidente da FIJ. “O Cumhuriyet é um dos maiores e mais antigos jornais da Turquia com uma longa e brilhante história de independência editorial na defesa da liberdade de expressão. É evidente para nós e para toda a comunidade internacional que o governo turco está outra vez num esforço de criminalização do trabalho jornalístico, procurando silenciar a voz oposicionista que resta no país. Exigimos a libertação imediata de todos os trabalhadores do Cumhuriyet, bem como de todos os jornalistas que estão presos por exercerem o seu direito à liberdade de expressão.”

Numa demonstração de solidariedade, o presidente da FEJ, Mogens Blicher Bjerregard, marca presença no julgamento, representando também a FIJ.

A FEJ relembra que, desde a eleição de Erdogan para a presidência, em 2014, o país “tem sofrido uma deriva autoritária, a qual se tornou mais evidente a partir do referendo constitucional do passado mês de abril, segundo o qual foi abolido o cargo de primeiro-ministro e o sistema parlamentar foi substituído por um presidencialista, alargando os poderes do presidente”.

Os responsáveis da FEJ recordam ainda que, “desde o golpe de Estado falhado, no ano passado, Erdogan e o seu partido (AKP) desencadearam uma ação nacional de perseguição generalizada que redundou no afastamento de 100 mil funcionários públicos, o encerramento forçado de vários órgãos de comunicação e de grupos de direitos civis, além do encarceramento de 165 jornalistas”.

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