Exposição de fotografias de Mário Marques no Porto

“Para além do instante” é o título da exposição de fotografias de Mário Marques, falecido em Agosto de 2002, organizada pelo Centro Português de Fotografia e patente na Cadeia da Relação, no Porto, até 14 de Março próximo.

“O fotojornalismo foi a paixão de Mário Marques. Em seu nome fez várias cedências em êxito e em conforto de vida. Uma delas foi o tempo. O tempo para os outros e o tempo para si mesmo. Percorrer os seus dossiers de trabalho é reencontrar o país, total, frenético de actual, de exigência em exigência, de promessa em promessa, de dor em dor. Vinte anos fora do tempo de hoje, mas ainda vivo, pertinentemente igual, pertinente ele. Ele e Mário Marques, com a sua minúcia, a sua paciência e o seu olhar falsamente distanciado” – lê-se na nota de apresentação da exposição.

Sobre a obra e a exposição das fotografias de Mário Marques, escreve Maria do Carmo Serén: “Quando se procuram flagrantes, notícias nas imagens de um fotojornalista, encontramos, muitas das vezes, os desvios estéticos de alguém que não tem tempo, mas que não resiste àquela variante de fotografar que é o devaneio artístico de cada um. Fins de rolo e obsessões caminham junto. Por vezes recomeçam num novo rolo, uma persistência, um desvendamento.

“Nesta selecção encontramos de tudo, acontecimentos políticos e sociais, reportagens, retratos que se isolam nos concertos e nas conferências, o alimento das segundas-feiras, o desporto maior e outros desportos de outras paixões. São imagens precisas, convencionais, de manual, aqui e ali um arrojo, uma insinuação. Documentos, por vezes indispensáveis – é um país social e político, um país que revela os efeitos da economia, que se perde nos seus lazeres, no seu património, na sua cultura. Instantes maiores e menores, eventos, presentações.

“E depois há a paisagem. Paisagem só, construção do olhar e do imaginário. O sentimento de Mário Marques, a sua demora, a sua perda de tempo e ganho de alma. Porque a paisagem se construía na sua frente, na sua passagem, porque esperava pela sua câmara, uma e outra vez, paisagens da memória, umas, vistas e revistas num património imenso, inesperadas e únicas, quando o olhar do fotógrafo se reencontrava com a imaginação emotiva, a valorização da evocação dos lugares”.

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