Exército ocupou sede de diário no Uganda

O exército do Uganda ocupou as instalações do diário independente “The Monitor” e forçou o encerramento do jornal, após este ter divulgado a notícia de que um helicóptero envolvido em acções de combate se despenhara no norte do país.

A ocupação por meia centena de militares da sede do jornal teve lugar a 10 de Outubro e decorreu ao abrigo de uma lei anti-terrorismo aprovada em Maio, que admite a condenação à morte de quem publicar notícias que possam ser consideradas como “promovendo o terrorismo”,

A suspensão do “The Monitor” é mais um atentado à liberdade de Imprensa protegido por legislação anti-terrorismo, que permite ao Estado o uso indiscriminado da violência e a limitação das liberdades públicas.

A notícia que serviu de pretexto a esta intervenção refere-se a uma zona do Uganda onde tem ocorrido uma escalada de violência, nos confrontos opondo o exército ugandês aos separatistas do movimento LRA. O Governo negou que o helicóptero se tenha despenhado e exigiu saber qual a fonte de informação do “The Monitor”.

A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) condenou com veemência o encerramento do “The Monitor”, considerando-o “um revés para a democracia e a liberdade de Imprensa no Uganda”. Para o secretário-geral da organização, Aidan White, trata-se de “uma intimidação do pior género e sugere que as autoridades estão a tentar controlar a informação e ditar aos jornalistas o que podem ou não fazer”.

Os militares que ocuparam a sede do diário, em Kampala, investigaram os arquivos escritos e electrónicos do jornal, desligaram os telefones e obrigaram os jornalistas e funcionários a abandonar o edifício, que permaneceu sob vigilância militar. A publicação do jornal está suspensa indefinidamente.

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