Exército dos EUA paga artigos elogiosos na imprensa iraquiana

Soldados do sector de “operações de informação” do exército norte-americano têm escrito artigos favoráveis aos EUA que são depois traduzidos para árabe e secretamente pagos com vista a serem publicados como notícias imparciais em jornais iraquianos, noticiou a 30 de Novembro o “Los Angeles Times”, citando fontes e documentos militares.

A tradução para árabe e a colocação dos artigos nos jornais é feita por uma pequena empresa de Washington chamada Lincoln Group, cujos profissionais se fazem passar por jornalistas freelance ou profissionais de marketing quando entregam a história aos jornais iraquianos.

Esta operação militar psicológica visa disseminar propaganda dos EUA através de notícias “basicamente factuais”, mas que “apresentam apenas um lado da história e omitem informações que possam ser prejudiciais aos governos dos EUA e do Iraque”.

No âmbito desta mesma operação, uma das fontes militares do “Los Angeles Times” disse também que o exército comprou um jornal e um canal de rádio iraquianos e os tem vindo a usar como veículo de difusão de mensagens pró-americanas, escondendo qualquer ligação ao exército norte-americano.

Isto acontece ao mesmo tempo que, oficialmente, os governos de ambos os países lutam pela promoção dos princípios democráticos, da transparência política, da liberdade de expressão e da ética jornalística no Iraque.

De acordo com a lei dos Estados Unidos, os militares estão proibidos de executar operações psicológicas ou “plantar” propaganda em órgãos de comunicação social norte-americanos. Porém, segundo as fontes do “Los Angeles Times”, a inserção dos referidos artigos na imprensa estrangeira foi feita com a convicção de que a globalização dos média faria com que, inevitavelmente, parte da informação chegasse aos grandes órgãos ocidentais e influenciasse a sua cobertura da situação no Iraque.

Esta não é a primeira vez que a administração Bush sofre críticas por este tipo de actuação, depois dos casos da distribuição de vídeos e notícias sem identificação de que o governo federal era a fonte dos mesmos e do pagamento a jornalistas norte-americanos para que promovessem através da imprensa políticas da administração, que foram considerados pelo Government Accountability Office como “propaganda coberta”.

A Casa Branca afirmou entretanto que já exigiu informação ao Pentágono sobre esta operação psicológica secreta, tendo o porta-voz presidencial Scott McClellan dito estar “muito preocupado” com o caso.

Idêntica preocupação demonstrou John Warner, senador republicano que preside ao Comité de Serviços Armados do Senado e que teme que estas acções “minem a credibilidade dos Estados Unidos na ajuda que estão a prestar ao povo iraquiano no caminho para a democracia”.

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