Ex-ministro polaco denuncia escutas a jornalistas

Durante uma reunião à porta fechada da comissão parlamentar para os serviços secretos, realizada a 22 de Agosto, o antigo ministro do Interior da Polónia, Janusz Kaczmarek, denunciou que os telefones de dois jornalistas críticos do governo foram colocados sob escuta por ordem do ministro da Justiça, Zbigniew Ziobro, e do primeiro-ministro, Jaroslaw Kaczynski.

A informação foi tornada pública por deputados da oposição como Pawel Gras (PO) e Jerzy Szmajdzinski (SLD), segundo os quais Kaczmarek acusou Ziobro de usar todo o aparelho de segurança – polícia, procuradores e serviços secretos – para reforçar a autoridade do governo e enfraquecer a oposição, tendo dito que a sua saída do executivo se devera ao facto de ter recusado continuar a pactuar com este modus operandi.

Em termos concretos, o ex-ministro denunciou escutas aos jornalistas Wojciech Czuchnowski, da “Gazeta Wyborcza”, e Maciej Duda, antigo profissional do diário “Rzeczpospolita”, e disse ainda que os serviços secretos foram instruídos para encontrar formas de comprometer e chantagear os donos de três dos principais órgãos de informação do país: as estações televisivas Polsat e TVN e o jornal “Gazeta Wyborcza”.

Em conferência de imprensa, Ziobro e seis outros ministros desmentiram as acusações de Kaczmarek e acusaram-no de tentar desacreditar o sistema judicial e de segurança do país a soldo dos “inimigos da Polónia”, recusando-se contudo a responder a situações específicas, invocando os segredos de Justiça e de Estado.

Considerando “inaceitável que um membro da União Europeia permita semelhantes práticas” de vigilância e pressão sobre os média, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) espera que venha a ser criada uma comissão parlamentar especial para investigar as acusações de Kaczmarek, que já se predispôs a testemunhar sobre o tema.

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