O governo paquistanês ordenou aos operadores de televisão por cabo o bloqueio das emissões das estações GEO TV e ARY News, enquanto o Sudão anunciou que irá suspender a licença do serviço árabe da BBC nas frequências FM de quatro cidades, incluindo a capital Cartum.
No Paquistão, o bloqueio das emissões foi acompanhada de manifestações de apoiantes do governo às portas das operadoras de tv por cabo que, inicialmente, se haviam recusado a cumprir a ordem do governo, vista pelo Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) como uma retaliação pela emissão de uma notícia sobre um manifestante que atirou sapatos ao presidente Asif Ali Zardari durante um discurso deste em Birmingham, Inglaterra.
O alegado atirador de sapatos estaria, segundo a Associated Press, enfurecido pela fraca resposta do governo às inundações que causaram centenas de milhares de pessoas de desalojados e já mataram mais de mil pessoas.
No Sudão, a decisão de suspender a licença de radiodifusão do serviço árabe da BBC foi tomada devido à alegada utilização por parte da emissora britânica de equipamento satélite enviado através de canais diplomáticos, o que viola um acordo assinado em 1999. O Ministério da Informação disse ainda que a BBC estava a emitir para o Sul do país sem ter qualquer autorização do governo central para o efeito.
Além da situação da BBC, o CPJ denunciou que elementos dos serviços de segurança do Sudão informaram que irão deter todos os jornalistas que não tenham respondido a um extenso questionário distribuído pelo governo à classe, do qual fazem parte 26 perguntas detalhadas sobre pontos de vista políticos, amizades, moradas, contas bancárias e plantas da casa.
“Estamos gravemente perturbados por este questionário, especialmente pela exigência da planta das casas dos jornalistas. Não vemos por que motivo poderia o governo querer esta informação”, afirmou Mohamed Abdel Dayem, coordenador do CPJ para o Médio Oriente e Norte de África, acrescentando que o único objectivo parece ser “a intimidação dos jornalistas, que se arriscam a ser detidos” se não responderem.