Equipa do “Diario Siete” em greve

A equipa do “Diario Siete”, único jornal chileno de centro-esquerda, está em greve desde a passada semana devido a problemas de actualização dos salários e pagamento de subsídios de Natal e horas extraordinárias. As dificuldades financeiras da empresa devem-se à falta de investimento publicitário das empresas e do governo do Chile naquele título em favor das publicações de direita.

Qualificando o meio empresarial chileno como “um dos mais conservadores da América Latina” e de nunca colocar publicidade num jornal que não seja de direita, Genaro Arriagada, presidente do “Diario Siete” e ex-ministro da Concertação, diz-se porém mais surpreendido com a discriminação do Estado e das empresas públicas, que não apoiam a diversidade da imprensa e entregam 48% dos anúncios ao grupo de direita “El Mercurio”, segundo dados do observatório dos média Fucatel.

Fundado há ano e meio e com uma equipa de jornalistas que foram seduzidos pela linha editorial de esquerda do jornal e por promessas de melhorias progressivas nas condições de trabalho, o “Diario Siete” teve, em 2005, perdas anuais que rondaram os 1,3 milhões de euros, sendo que as previsões não apontam para uma inversão da má situação financeira no título.

De acordo com o jornal francês “Libération”, o futuro do “Diario Siete” ainda é incerto, pois foi impossível obter declarações da directora Monica González – jornalista famosa pelas críticas ao regime de Pinochet e pela luta em prol dos direitos dos trabalhadores e dos povos indígenas –, que se deslocou a Israel para receber um prémio pelo seu empenho nas questões relativas aos direitos humanos.

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