Encontro ibérico de organizações de jornalistas

Numa reunião em Lisboa promovida pelo Sindicato dos Jornalistas, com a participação de seis organizações sindicais e profissionais de jornalistas do espaço ibérico, foram analisados vários problemas e tomadas deliberações de interesse recíproco, nomeadamente a eventualidade de uma acção comum a realizar durante a presidência espanhola da União Europeia, no primeiro semestre de 2002.

Seis organizações sindicais e profissionais de jornalistas do espaço ibérico reuniram-se, no dia 8 de Setembro, em Lisboa, em encontro de trabalho, para análise das relações bilaterais, por um lado, e do trabalho no contexto da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), da Federação Europeia de Jornalistas (FEJ), dos encontro ibero-americanos de jornalistas e de jornalistas do Mediterrâneo, por outro.

Tratou-se de uma iniciativa do SJ, que convocou e organizou pela primeira vez o encontro, e nele participaram, além do anfitrião SJ (Afredo Maia, Acácio Barradas e Martins Morim), representantes das seguintes organizações: Federação das Associações de Imprensa de Espanha (FAPE, Juan António Prieto), Comissões Obreiras (CCOO, Carmen Rivas), Sindicato dos Jornalistas da Catalunha (SJC, Dardo Gomez), Colégio dos Jornalistas da Catalunha (CJC, Goretti Palau) e Solidariedade dos Trabalhadores Vascos (STV, Gurutz Gorrai e Juan António Korta).

Os participantes elencaram e analisaram os problemas que afectam os jornalistas das respectivas áreas geográficas e decidiram, por proposta do SJ, aproveitar a presidência espanhola da União Europeia, a partir de Janeiro de 2002, para pedir uma audiência ao ministro de Informação de Espanha, com o objectivo de alertar os responsáveis pela área da Informação para uma lista de preocupações e problemas que afectam os jornalistas e a qualidade da informação no espaço ibérico, designadamente no que diz respeito ao mercado on-line, direitos de autor e precariedade de trabalho, além, claro, de questões relacionadas com direitos laborais.

A proposta foi aprovada pelas organizações presentes e, por sugestão da FAPE, Martins Morim, na qualidade de membro do Comité Director da FEJ, ficou de apresentá-la nesta estrutura europeia, na reunião de 30 de Setembro, em Bruxelas, com o objectivo de obter o apoio daquela organização, bem como de todas as outras organizações sindicais ou profissionais dos 15 nela filiadas, as quais poderão igualmente, se o pretenderem, participar na iniciativa.

As organizações participantes qualificaram os resultados da reunião como muito positivos e concordaram na institucionalização do encontro, pelo menos uma vez por ano. O próximo será realizado em Espanha, provavelmente nos meses de Março ou Abril de 2002, em Tarragona, por iniciativa do SJC.

O representante desta estrutura assumiu, além disso, o compromisso de estudar as condições financeiras e logísticas para a realização das I Jornadas Ibéricas sobre Jornalismo, admitindo como local e data possíveis Santander e o Verão do próximo ano. A proposta desta iniciativa foi apresentada pela representante das CCOO, que avançou como ideias para debate questões como códigos éticos, ensino do jornalismo, serviço público de rádio e televisão e qualidade da informação.

O Encontro Ibero-Americano de Jornalistas foi outro dos assuntos debatidos, tendo, desde logo, três organizações manifestado interesse em continuar activas neste foro – SJ, FAPE e CCOO. STV mostrou-se desinteressada, enquanto as duas estruturas catalãs –SJC e CJC – revelaram vontade de reanalisar possível participação. Uma e outra levantaram a questão da eficácia destes encontros, bem como a funcionalidade do secretariado eleitor, em Havana, em 1999, aspecto em que foram secundadas pelas restantes organizações. Concluíram as organizações participantes que é necessário preparar melhor tais encontros e com maior antecedência e sugeriram ainda como necessário controlar e analisar igualmente a aplicabilidade das decisões tomadas em cada encontro. O representante da FAPE insistiu na ideia de integrar o grupo GAL/FIP na iniciativa e questionou a legitimidade da participação da estrutura latino-americana da OIJ, alegando que a Organização Internacional de Jornalistas, se ainda tem existência formal, não existe na prática, por não ter actividade. O representante do SJ não concordou inteiramente com a análise feita e informou a reunião de que tem informações indicando que a estrutura latino-americana da OIJ continua activa e de que recebeu, inclusive, uma carta assinada pelo seu representante, Ernesto Vera, e por um dos vice-presidentes eleitos no último congresso, em Amã (Jordânia), Juan Carlos Camaño, dando conta da vontade de reactivar a organização.

Os participante concordaram com a ideia de que o tema do encontro deste ano deverá ser «balanço e análise do trabalho desenvolvido até hoje no quadro dos encontros», tendo a representante das CCOO, Carmen Rivas, sido encarregada de elaborar um documento sobre as mudanças ocorridas no campo da informação nos últimos dez anos, para ser apresentado em nome das organizações ibéricas. Mais se concluiu que o encontro deste ano, a realizar em Lima (Peru), deve ter igualmente o apoio e envolvimento da Associação Nacional de Periodistas do Peru (ANP), pelo que foram fornecidos já ao presidente da FELAP, Luiz Suarez, todas as coordenadas do seu secretário-geral, Roberto Mejia.

Sobre a participação no Encontro de Jornalistas do Mediterrâneo foi decidido aproveitar o próximo, no Chipre, para debater questões como saber se deve continuar a ser uma iniciativa informal, tão ampla que abarque os Balcãs, ou limitar-se à participação das organizações sindicais e profissionais de jornalistas de uma e outra margem mediterrânicas. Saber ainda se se destina a organizações filiadas na FIJ ou, como tem acontecido, abertas a todas que pretendam cooperar neste domínio. A ideia é de que o próximo encontro deve dar resposta a estas questões. O SJ tornou claro que, embora nada tendo contra as organizações dos Balcãs, o encontro deveria limitar-se à região do Mediterrâneo, qualquer seja a sua característica: formal ou informal. Frisou, igualmente, que sendo importante o reforço do trabalho de um e de outro lado do Mediterrâneo, ele deve também ser mais bem preparado, tanto na escolha dos temas a debater como na forma de o organizar e na elaboração da declaração final.

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