Empresas aproveitam-se da crise para emagrecer redacções

A Federação de Sindicatos de Jornalistas espanhola (FeSP), reunida este fim-de-semana em Madrid, denunciou a atitude de várias empresas de comunicação, que estão a aproveitar a crise para reduzir as suas equipas, em alguns casos sem justificação económica e de forma selvagem.

Para a FeSP, o que as empresas pretendem é “reparar a sua má gestão, em alguns casos acumulada durante anos e anos, amparando-se nos problemas económicos actuais”, motivo pelo qual vai instar a Inspecção do Trabalho a manter “um zelo especial na sua tarefa” e a ser “o mais exigente possível na hora de autorizar despedimentos”.

Frisando que “os trabalhadores sofrem a crise económica como todos os cidadãos, mas não foram eles que a causaram e não podem ser os únicos a arcar com as suas consequências”, a FeSP solidarizou-se com os trabalhadores do Grupo Zeta, onde um quarto da redacção está em risco de ficar sem o posto, e instou-os a prosseguir com a luta.

A situação da imprensa em Espanha tem-se complicado nos últimos três meses e, segundo a presidente da Federação de Associações de Jornalistas de Espanha (FAPE), Magis Iglesias, neste período cerca de três mil jornalistas perderam o emprego, devendo juntar-se a este número outros despedimentos disfarçados de final de contrato e pré-reformas.

Os dados citados por Magis Iglesias constam do quinto Relatório Nacional da Profissão Jornalística, que traça um retrato negro no que toca à precariedade laboral, tendo a presidente da FAPE citado o caso de uma televisão madrilena que propôs a um jornalista que trabalhasse no horário que a empresa considerasse oportuno a troco de 185 euros mensais, algo que apelidou de “uma soberana vergonha e um escândalo”.

Magis Iglesias destacou também que continua a haver muitas mulheres jornalistas que recebem menos do que os seus colegas do sexo masculino e realçou ainda que o emagrecimento das redacções tem como efeito o surgimento do “trabalhador multitarefa”, pelo que instou trabalhadores e sindicatos a prosseguirem na luta por melhores condições laborais.

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