Dois terços dos portugueses contra violação do segredo de justiça

Uma sondagem realizada pela Universidade Católica para a RTP revela que dois em cada três portugueses consideram que os média que violam o segredo de justiça devem ser penalizados.

Para a maioria dos portugueses – 59 por cento -, o segredo de justiça é um factor “muito importante” para a qualidade da justiça, mas são sobretudo os mais jovens que advogam a punição de quem o violar: 76 por cento dos inquiridos entre os 18 e os 24 anos, e 75 por cento entre os 25 e os 34 anos.

De acordo com a sondagem da Universidade Católica, efectuada no dia 22 de Janeiro e divulgada pelo jornal “Público”, a punição deve incidir em primeiro lugar sobre a administração do órgão de comunicação social (49 por cento), seguindo-se o respectivo director (43 por cento) e o jornalista responsável pela notícia (40 por cento).

O estudo revela ainda que, apesar da visão crítica sobre a forma como tem sido feita a cobertura noticiosa do processo Casa Pia, considerada mais negativa do que positiva por 49 por cento dos inquiridos, em termo globais o papel dos média em Portugal é visto pela maioria (55 por cento) como mais positivo do que negativo.

Confrontados com a escolha entre o direito a informar e a ser informados ou o direito à privacidade e ao bom nome, os portugueses privilegiam o direito à informação (47 por cento), contra 43 por cento que coloca em primeiro lugar os seus direitos pessoais. Também nesta matéria, os mais jovens, que nunca conheceram a censura, divergem dos mais velhos: 58 por cento dos inquiridos com idades entre os 18 e os 24 anos mostram-se mais ciosos dos direitos pessoais, contra 37 por cento que dão mais importância à liberdade de informação.

Num aspecto os diferentes escalões estários estão de acordo: na desconfiança em relação aos políticos. Questionados sobre em quem “tende a acreditar mais”, os inquiridos responderam: num juiz (38 por cento); num jornalista (20 por cento); num advogado (14 por cento); num político (um por cento). Só os jovens entre os 18 e 24 anos divergiram desta ordem, colocando os jornalistas em terceiro lugar.

Os resultados deste inquérito servem de base de discussão do tema “Segredo de Justiça e Liberdade de Imprensa” no programa Prós e Contras da RTP1, a apresentar a 27 de Janeiro, às 22 horas.

Ficha técnica

Este sondagem foi realizada pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica para a RTP, no dia 22 de Janeiro de 2004. O universo alvo foi a população com 18 ou mais anos residente em Portugal Continental em alojamento com telefone fixo. Os números de telefone foram seleccionados aleatoriamente das listas telefónicas nacionais e em cada domicílio foi seleccionada a pessoa que tivesse tido o seu aniversário há menos tempo. Foram obtidos 747 inquéritos válidos, 52% deles a indivíduos do sexo feminino e a taxa de resposta foi de 58%. A margem de erro máxima da amostra é de 3,6%, com um nível de confiança de 95%.

Partilhe