Director do “La Nación” despedido

O director de informação do diário chileno “La Nación”, Alberto Luengo, foi despedido a 10 de Agosto devido à cobertura dada pelo periódico a um caso de pedofilia envolvendo altas figuras da política chilena, denunciou a Associação para a Defesa do Jornalismo Independente (Periodistas), da Argentina, a 19 de Agosto.

O governo, principal accionista do jornal, estaria incomodado com a forma como estava a ser tratado o assunto, conhecido como o “Caso Spiniak”, que se arrasta desde Outubro de 2003. Em causa está o alegado envolvimento do presidente da Câmara de Valparaíso, da Democracia Cistã (DC), partido que integra a coligação governamental (Concertación), e de um senador da União Democrática Independente (UDI), na oposição, numa rede de pornografia infantil e abuso sexual de menores.

Segundo a Periodistas, citada pela IFEX, “o que é ainda mais grave é a pressão que os partidos políticos, a UDI e a DC, exerceram para condicionar o modo de cobertura do tema”. No mesmo sentido se pronunciaram o Sindicato de Trabalhadores do jornal, o Programa de Liberdade de Expressão do Instituto de Comunicação e Imagem da Universidade do Chile e mais de 30 legisladores da Concertación.

As referidas organizações lembram casos anteriores, designadamente o despedimento, em Janeiro de 2001, do então director do website “Primera Línea”, da mesma empresa do “La Nación”, e o desmembramento em Maio de 2003 da equipa de investigação de “La Nación Domingo” por notícias que incomodaram o governo.

De acordo com o secretário geral do executivo, Francisco Vidal, o despedimento de Luengo “está relacionado com o direito de tratar, editorialmente, assuntos que actualmente se encontram sob investigação”. Para Vidal, a decisão de despedir o jornalista é “razoável e civilizada”, pois considera que “a linha editorial de um diário que pertence ao governo tem que coincidir com o governo”.

Diferente é a opinião da Associação Periodistas, para quem o facto de o jornal ser propriedade do governo chileno “não chega para justificar” esta medida arbitrária, pois o “La Nación” “goza de autonomia segundo a legislação trasandina, e dado que o assunto que provocou o afastamento de Luengo é de inquestionável interesse público”.

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