Direcção de Informação da RTP demite-se

A Direcção de Informação da RTP demitiu-se, ao fim da tarde 15 de Novembro, sem explicitar a causa. Segundo um comunicado da administração da empresa, divulgado à noite, a demissão fundamentou-se “numa simples discordância com a nomeação de um correspondente da empresa no estrangeiro”. Os partidos da oposição reagiram de imediato exigindo esclarecimentos e o PSD admitiu viabilizar a audição da administração da RTP na Assembleia da República, mas opõe-se à ida de qualquer membro do Governo ao Parlamento.

Em comunicado assinado por cinco dos seis membros da Direcção de Informação da estação pública – José Rodrigues dos Santos, Judite de Sousa, Miguel Barroso, Manuel da Costa e Maria José Nunes – é afirmado que “na sequência de duas reuniões, mantidas quinta-feira e hoje com o Conselho de Administração (CA)” apresentaram a sua demisssão, mas não esclarecem os motivos. O jornalista Carlos Daniel, que dirige a redacção do Porto, não assina o documento mas cessa igualmente funções.

Os partidos da oposição exigiram explicações sobre os motivos da demissão, relembrando o momento “muito sensível” que vive a comunicação social portuguesa. Augusto Santos Silva, do PS, apontou como exemplos o “afastamento do ex-presidente do PSD Marcelo Rebelo de Sousa da TVI” e as “polémicas nomeações na Lusomundo Media” e recordou a notícia do “Expresso” que dava conta da intenção do Governo em fazer mudanças na direcção da RTP.

O PCP quer uma audição parlamentar urgente sobre a demissão, afirmando o deputado António Filipe que “o actual Governo tem-se notabilizado pelas suas pressões e actos de ingerência de todo o tipo para controlar a comunicação social”.

O Bloco de Esquerda afirmou que caso os esclarecimentos “não surjam ou sejam insuficientes” pedirá a audição de José Rodrigues dos Santos na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

O PSD, através do deputado Luís Campos Ferreira, admitiu viabilizar a audição da administração da empresa na Assembleia da República e está disponível para a audição da Direcção de Informação demissionária e doutras entidades que se entenda necessário, como o Sindicato dos Jornalistas. Contudo, o PSD opõe-se à audição de qualquer membro do Governo sobre o assunto, esclareceu o deputado social-democrata.

A Alta Autoridade para a Comunicação Social deverá pronunciar-se sobre a demissão “com urgência” pois compete-lhe emitir pareceres sobre “destituições e nomeações” dos responsáveis pelos órgãos de comunicação públicos, para o que deverá ouvir o director demissionário José Rodrigues dos Santos e a administração da RTP.

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