O anúncio de despedimentos em vários títulos ligados ao grupo Trinity Mirror é “uma das piores sangrias” na imprensa britânica desde há muito tempo, afirma Jeremy Dear, secretário-geral do Sindicato Nacional de Jornalistas do Reino Unido e Irlanda (NUJ).
Sublinhando que as decisões da administração do grupo empresarial afectam tanto os pequenos semanários locais como os grandes jornais nacionais que pertencem ao Trinity Mirror, Jeremy Dear critica esta política laboral – “não se podem produzir jornais de qualidade sem jornalistas que façam as notícias” – e augura que a descida da qualidade geral dos títulos vai acabar por ter reflexos negativos nas respectivas vendas.
Nos seus títulos nacionais, o Trinity Mirror anunciou o corte de 24 postos de trabalho, dos quais 11 ocorrem no “The Sunday Mirror”, 9 no “The Daily Mirror”, um no “The People” e três nas revistas.
Na região das Midlands (Birmingham e Coventry), o grupo quer acabar com 53 postos de trabalho, 14 dos quais de jornalistas, apesar de existirem 11 vagas por preencher nos quadros dos vários títulos que possui na região.
Sem minimizar estas situações, o sindicato manifesta-se particularmente preocupado com os cortes na Escócia e no País de Gales, pois considera que isso demonstra um desrespeito para com a imprensa regional e reflecte “uma vontade de aumentar os lucros à custa das comunidades locais que se deveriam servir”, como afirma Barry Fitzpatrick, organizador nacional do NUJ.
O Trinity Mirror revelou que o “Scottish Daily Mirror” vai deixar de ser produzido na Escócia, implicando a perda de 30 postos de trabalho e a transferência de quatro jornalistas para Londres, mantendo-se apenas dois repórteres na região. Neste país, os cortes vão ainda chegar ao “Daily Record” e ao “Sunday Mail”, onde estão planeados 16 despedimentos e o encerramento da delegação de Aberdeen.
No País de Gales o grupo Western Mail & Echo, que faz parte do Trinity Mirror, anunciou que vai prescindir de 44 trabalhadores, dez dos quais jornalistas, uma medida que afectará os jornais “Western Mail”, “South Wales Echo”, “Wales on Sunday” e os semanários do grupo Celtic.
Perante esta situação, refere o NUJ, os trabalhadores estão já a preparar-se para jornadas de luta, pois não vão ficar parados enquanto o futuro a longo prazo dos seus jornais é posto em causa por “executivos sem rosto e com enormes salários” e quando o grupo Trinity Mirror está a prever lucros de 35 por cento no final deste ano.