Despedimento colectivo no Diário de Notícias da Madeira

A Direcção Regional da Madeira do Sindicato dos Jornalistas considera que o despedimento colectivo de 28 trabalhadores do Diário de Notícias da Madeira, anunciado hoje pela empresa, retira memória ao jornal e põe em causa a sua “qualidade e continuidade”.

“Com estas saídas consecutivas, de que a hoje anunciada é a de piores consequências, o Diário de Notícias entra no que se poderia chamar de espiral recessiva”, com um “enfraquecimento a redação” – 14 dos 28 trabalhadores a dispensar 14 são jornalistas, numa redacção de 32 elementos –, que “leva a uma debilidade do produto, a menos receitas e, consequentemente, a mais despedimentos”, afirma o SJ.

Recorde-se que em Maio do ano passado, alegando dificuldades, gerência da Empresa do Diário de Notícias (EDN), proprietária do título, levou os trabalhadores a aceitar uma redução de 10% do tempo de trabalho e a correspondente redução salarial.

Em comunicado agora divulgado, a EDN afirma que a “situação económico-financeira deficitária não foi superada apesar dos esforços dos seus trabalhadores, da redução de custos e das medidas de saneamento financeiro entretanto implementadas”.

O argumento não convence o SJ, para quem a actual situação “não é razão suficiente para o grupo Blandy (principal accionista da empresa) que tanto tem ganho e a ganhar com a existência do Diário de Notícias, contribua para o enfraquecimento do jornal e para a retirada de dignidade aos seus trabalhadores.

É o seguinte o texto, na íntegra, do comunicado da Direcção Regional da Madeira do SJ:

Despedimento colectivo no Diário de Notícias

O Sindicato dos Jornalistas lamenta profundamente que o Diário de Notícias tenha optado por, uma vez mais, fragilizar a redacção, um processo que teve início em 2010.

Com estas saídas consecutivas, de que a hoje anunciada é a de piores consequências, o Diário de Notícias entra no que se poderia chamar de espiral recessiva: perante as dificuldades, enfraquece a redacção; isso leva a uma debilidade do produto; a menos receitas e, consequentemente, a mais despedimentos.

O jornalismo actual não pode ser só tecnologia, continua a ter o factor humano como determinante e indispensável. As saídas agora anunciadas retiram memória ao Diário de Notícias e, também por isso, põem em causa a sua qualidade e continuidade.

O Sindicato dos Jornalistas não ignora o contexto de dificuldades, nem o projecto político do Governo Regional no sentido de fragilizar tudo o que é comunicação social da Madeira, incluindo o Diário de Notícias. Mas isso não é razão suficiente para o grupo Blandy, que tanto tem ganho e a ganhar com a existência do Diário de Notícias, contribua para o enfraquecimento do jornal e para a retirada de dignidade aos seus trabalhadores.

Como referiu recentemente o novo Papa Francisco, o trabalho é essencial à dignidade das pessoas. Assim, objectivamente, o Diário retira dignidade a um conjunto de pessoas que deram o seu melhor à empresa, no melhor período da sua vida, exclusivamente por questões financeiras.

O Sindicato dos Jornalistas vai dar todo o apoio aos jornalistas abrangidos por esta acção de despedimento colectivo, de todas as formas que forem solicitadas pelos seus associados.

A Direcção Regional da Madeira do Sindicato dos Jornalistas

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