Cuba liberta o seu último jornalista preso

O Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) e a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) saudaram a libertação, a 7 de Abril, de Albert Santiago Du Bouchet, o último jornalista que ainda estava preso em Cuba.

Detido desde 18 de Abril de 2009, o chefe da agência Habana Press fora condenado a três anos de cadeia por “desrespeito à autoridade”, e a sua libertação antecipada “toma um significado especial quando nos lembramos de que, há apenas um ano, Cuba ainda era uma das maiores prisões de jornalistas do mundo, a par da China, do Irão e da Eritreia”, afirmou a RSF.

Este gesto do governo cubano, aplicado a outros dissidentes políticos, teve como contrapartida o exílio da maioria dos antigos prisioneiros em Espanha, país que juntamente com a Igreja Católica, a imprensa internacional e organizações de defesa dos direitos humanos pressionou as autoridades da ilha a libertar 52 presos políticos.

Entre os poucos que puderam permanecer na ilha estão os jornalistas Héctor Maseda Gutiérrez, Iván Hernández Carrillo e Pedro Argüelles Morán, encarcerados aquando da Primavera Negra de Março de 2003.

Carlos Lauría, coordenador do CPJ para as Américas, afirma que “no entanto, os jornalistas independentes em Cuba continuam a enfrentar assédios e intimidações pelo seu trabalho”, apelando ao governo cubano para que “acabe com o obsoleto enquadramento legal que pune com cadeia o jornalismo independente, e conceda liberdade de expressão a todos os cubanos”.

Também a RSF considera que este “gesto conciliatório” não isenta as autoridades de honrar as duas convenções das Nações Unidas sobre direitos civis e políticos que assinaram em 2008 mas que ainda não foram ratificadas. “Para cumprir estas obrigações, elas têm de aceitar o pluralismo, permitir que os média operem fora do controlo do Estado, deixar de suprimir a liberdade de expressão e conceder a todos os cubanos um acesso não filtrado à Internet”, conclui a organização.

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