CPJ divulga estudo sobre jornalistas exilados

Para assinalar o Dia Mundial dos Refugiados, o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) publicou, pelo quinto ano consecutivo, um estudo sobre jornalistas exilados, que tem por base 10 anos de dados e 649 casos acompanhados pela organização desde 2001.

De acordo com os dados do CPJ, entre 1 de Junho de 2010 e 31 de Maio de 2011 foram 67 os jornalistas que se exilaram, a grande maioria (55) devido a ameaças de prisão, embora também se tenha registado casos relacionados com ameaças de violência (10) e com assédio (2).

Só da região do Médio Oriente e Norte de África fugiram 22 profissionais, seguindo-se as Américas e África, com 19 casos cada, a Ásia com 6 situações e a Europa e Ásia Central com 1. Por países, Irão e Cuba foram os principais locais de fuga, com 18 exilados cada, a que se seguem três nações da África Oriental – Eritreia (6), Etiópia (5) e Somália (3).

Estes dois últimos países são os líderes da década, com a Etiópia a somar 79 casos e a Somália 68, à frente do Irão com 66, do Iraque com 55, do Zimbabué com 49 e de Eritreia com 47. Dos 649 jornalistas exilados detectados pelo CPJ nos últimos dez anos, 592 ainda não regressaram ao país de origem.

“Por detrás dos números estão histórias de pessoas cujas vidas, famílias e comunidades foram afectadas de maneiras devastadoras”, afirma Elisabeth Witchel, autora do estudo, destacando casos de jornalistas que sofreram perseguições extremas, estiveram presos em condições degradantes e, quando finalmente conseguiram escapar, se depararam com novas provações, como o assédio a familiares que deixaram para trás.

Entre os exemplos citados pela autora contam-se o do jornalista eritreu Aaron Berhane – que se exilou em 2001, temeu pela vida do irmão detido pouco após o seu exílio, e teve de esperar oito anos até ter a mulher e os três filhos consigo no Canadá, país que o acolheu – ou o dos haitianos Roby e Michelle Mathieu, que esperaram dois anos até que as autoridades dos EUA permitissem que o seu filho Stanley, de 4 anos, se juntasse aos pais, a quem tinha sido concedido asilo.

Este estudo anual do CPJ apenas conta com os jornalistas que fugiram devido a perseguições relacionadas com trabalho, que permaneceram exilados mais de três meses e cujo paradeiro e actividades actuais sejam conhecidos. Estão excluídos os casos dos muitos profissionais dos média que saíram dos seus países em busca de oportunidades profissionais e financeiras, os que fugiram à violência em geral ou aqueles que foram perseguidos por outras actividades que não a profissional, como o activismo político.

Partilhe