Conselho de Redacção do “DN” quer mais diálogo e transparência

O Conselho de Redacção do “Diário de Notícias”, reunido no dia 19, salientou a necessidade de se aperfeiçoar o diálogo e aumentar as regras de transparência na redacção do diário. Isto, a propósito da crise gerada pela não publicação de uma notícia sobre membros do Governo, que levou à demissão da editora adjunta da secção de política nacional.

Para os elementos eleitos do Conselho de Redacção (CR), “este episódio revela a existência de lamentáveis bloqueios de comunicação e de diálogo na Redacção, e entre a Redacção e alguns níveis de chefia”.

A direcção do “DN” mandou retirar, no dia 17, a notícia de abertura da secção de política nacional, que relatava declarações críticas sobre o primeiro-ministro, Santana Lopes, feitas pelo ministro Álvaro Barreto em 1996.

A medida da direcção levou a editora adjunta da secção, Graça Henriques, a demitir-se. No dia seguinte, quarta-feira, 18, os nove jornalistas da secção expressaram ao CR a sua solidariedade com a editora adjunta demissionária e reuniram-se, na tarde desse dia, com a direcção, manifestando a opinião de que a notícia deveria ter sido publicada.

As razões da direcção

A 19 de Agosto, a direcção do jornal divulgou um esclarecimento em que salientava que o texto em causa “relata um conjunto de declarações feitas por Álvaro Barreto sobre Santana Lopes e publicadas nos jornais há oito anos. Nada mais”. Acrescentando que, ”obviamente, não tem qualidade noticiosa para que possa ser escolhido como notícia principal da actualidade nacional”.

No mesmo dia, reuniu-se o CR, a pedido do director do jornal, para apreciar a situação. Fernando Lima manteve a argumentação sobre o desinteresse da notícia e reafirmou que a direcção não abdica do “seu espaço de intervenção próprio, em função da avaliação da informação disponível, sempre de acordo com critérios jornalísticos”.

A posição do CR

Os elementos eleitos do CR manifestaram a sua solidariedade com a decisão de Graça Henriques se demitir, apesar das “fragilidades técnicas” da notícia, o que “devia ter sido discutido em tempo útil” com vista à sua publicação, “devidamente enquadrada e contextualizada”.

Lembra o CR que “a retirada do jornal de peças já paginadas, salvo ocasiões excepcionais, normalmente relacionadas com a actualidade, não são um procedimento desejável nem reconhecível na história do DN e pode esvaziar de sentido a função de editar”.

O comunicado do CR assinala que “existem problemas de funcionamento no Nacional desde a entrada em funções do novo editor”, Manuel Carlos Freire, que transitou da Lusa para o “Diário de Notícias” quando Fernando Lima assumiu a direcção do jornal, em Novembro de 2003.

Recorde-se que a nomeação de Fernando Lima para director gerou polémica, devido a ter deixado pouco antes as funções de assessor do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Martins da Cruz, além de ter sido assessor de Cavaco Silva, quando primeiro-ministro.

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