Congresso da FIJ advoga ética jornalística contra a intolerância

“No calor da guerra, silenciar jornalistas incómodos não custa mais do que uma bala que não se ouve no meio de uma guerra ruidosa”, afirmou perante o Congresso da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) o presidente da Comissão Parlamentar de Média, Cultura e Turismo do Iraque, Mufid Al-Jazairi, para quem a intolerância para com órgãos de comunicação independentes é o principal problema do país.

Intervindo no painel “Diálogo intercultural na luta pela paz, tolerância e justiça”, o ex-ministro da Cultura iraquiano disse ainda que “quando os terroristas responsáveis por banhos de sangue diários nas ruas do Iraque conseguem escapar impunes, não é difícil que um ‘pequeno crime’ com uma ou mais vítimas fique por punir, mesmo quando essa vítima é um jornalista”.

Numa sessão marcada pela diversidade de olhares, até devido à abrangência do tema, foi ainda destacada a necessidade de haver uma mudança nas atitudes das redacções em relação à tolerância interétnica e inter-religiosa, para que os média não ajudem a promover o ódio racial e a intolerância.

Um dos casos prioritários envolve as relações entre o Ocidente e o Islão, um tema focado pelo jornalista paquistanês Shada Islam, baseado em Bruxelas, por Abdalluh Al-Bakkli, secretário-geral adjunto da Federação de Jornalistas Árabes, e pelo dinamarquês Soren Wormslev, vice-presidente da FIJ.

Outro assunto levantado na sessão foi a denúncia de uma crescente intolerância para com os sindicatos de jornalistas na América Latina, feita por Manuel Méndez, presidente da Federação de Jornalistas da América Latina e Caraíbas (Fepalc).

“A informação não é um negócio e como tal os sindicatos precisam de se unir por toda a América Latina e Caraíbas para confrontar a lei do mercado”, disse o responsável sindical, sublinhando que “as condições de trabalho e a qualidade do jornalismo na região têm declinado, o que enfraquece o jornalismo e a sociedade como um todo”.

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