Conflito no semanário “Praça Pública”

A administração do semanário “Praça Pública”, de Ovar, respondeu com notas de culpa visando o despedimento às propostas dos trabalhadores para melhorar a gestão do jornal, que estes apresentaram por sugestão da própria administração.

Em comunicado, a direcção do Sindicato dos Jornalistas (SJ) considera “preocupante” a situação naquele semanário e apela publicamente à administração para desistir das intenções de despedir e punir os jornalistas, retomando o diálogo.

Perante as dificuldades existentes na empresa e o anúncio da intenção desta em despedir trabalhadores, foi sugerido aos trabalhadores que apresentassem soluções, um apelo que foi aceite pela equipa do jornal.

Esse contributo resultou na apresentação de notas de culpa visando o despedimento e a suspensão imediata de alguns trabalhadores, que viria a ser revogada no caso de três jornalistas e uma assistente. A administração manteve a suspensão da directora-adjunta, Manuela Morgado, em violação da Lei de Imprensa, uma vez que não foi ouvido o plenário da Redacção. Entretanto, a administração dispensou já um gráfico do jornal.

É o seguinte o texto integral do comunicado da direcção do Sindicato dos Jornalistas:

SITUAÇÃO PREOCUPANTE NO “PRAÇA PÚBLICA”

1. “A Direcção do Sindicato dos Jornalistas acompanha com preocupação a situação no semanário “Praça Pública”, de Ovar, cuja Administração pretende punir os seus trabalhadores com o despedimento, em resultado da apresentação, por estes, de sugestões para a resolução dos problemas da Empresa que a própria havia pedido.

2. “De facto, face às dificuldades da Empresa e ao anúncio da sua intenção de dispensar trabalhadores, foi o principal proprietário e o mentor do projecto a pedir à equipa do “Praça Pública” a sugestão de um «caminho» para a sua resolução.

3. “Tal pedido foi aceite pela equipa, que sempre se habituara a ver no projecto editorial “Praça Pública” um espaço de liberdade e participação incutido por aquele responsável do semanário.

4. “Por conseguinte, os jornalistas e outros trabalhadores sugeriram um conjunto de soluções de gestão e de estratégia que, mesmo que não viessem a ser aceites pela Empresa, estariam longe de pretender ofender a sua Administração, pois constituíam um contributo generoso e empenhado para preservar um projecto que desde a primeira hora era partilhado pela Empresa e pelos seus trabalhadores.

5. “Tal contributo acabou por conduzir à apresentação de notas de culpa com vista ao despedimento dos trabalhadores, bem como à sua suspensão imediata, que acabou por ser revogada em relação a três jornalistas e uma assistente administrativa, a fim de que estes garantam a edição do jornal.

6. “Ao mesmo tempo que mantinha a suspensão da jornalista Manuela Morgado, a Administração destituiu-a das funções de directora-adjunta do jornal, em violação clara da Lei de Imprensa, porquanto não foi ouvido o Conselho de Redacção ou, na sua falta, o plenário de jornalistas.

7. “Quando se esperava que a Empresa reapreciasse a sua conduta, a Administração começou a dispensar trabalhadores, como sucedeu ontem com o gráfico.

8. “O Sindicato dos Jornalistas apela publicamente à Administração do “Praça Pública” para que reveja a sua atitude para com os jornalistas e outros trabalhadores ao seu serviço, desistindo das intenções de os despedir e punir, e procure retomar e valorizar o diálogo e o espírito de entrega de todos quantos fazem este projecto.”

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