“Dar dignidade a reportagens bem pesquisadas” é o objectivo a que se propõe a colecção “Cadernos DQ Reportagem”, apresentada ao público a 5 de Fevereiro, na Sociedade de Geografia de Lisboa.
Segundo José Vegar, director da nova colecção, esta visa dar “tempo” aos jornalistas “para escrever e pesquisar”, e “espaço” para “explicar a situação e descrever as personagens que se teve tempo de conhecer”.
Esta preocupação é partilhada por José Pedro Castanheira, que na sessão pública de apresentação da “Cadernos DQ Reportagem” fez notar que o jornalismo se ressente cada vez mais com a falta de “espaço para a reportagem nos jornais e revistas”. Para o jornalista do “Expresso, esta “é uma opção editorial que privilegia o jornalismo mais imediato em detrimento do jornalismo de investigação.”
A contrariar este estado de coisas, o primeiro volume da colecção apresenta uma reportagem de fundo de Pedro Almeida Vieira sobre o “Estrago da Nação”, um livro que demonstra o “jornalismo militante e bem fundamentado” que o seu autor defende para o tratamento das questões ambientais em Portugal.
O segundo livro da colecção é “Olhem para mim”, um trabalho sobre o mundo da moda realizado por Fernanda Câncio, que considera os “Cadernos DQ Reportagem” como “uma oportunidade bem vinda”, numa altura em que “o jornalismo parece estar em vias de extinção”.
Também do mau estado do jornalismo falou Oscar Mascarenhas, que com Nuno Ivo escreveu o livro “Nuvem de Chumbo”, uma análise ao tratamento dado pela imprensa ao processo Casa Pia entre 22 de Setembro de 2002 e Outubro de 2003.
“Foi um processo que, da parte dos jornalistas, teve muito pouca investigação. Por esse motivo o tratamento jornalístico deste caso não seria recomendado por qualquer escola de jornalismo”, defendeu Oscar Mascarenhas.
Nelson de Matos, da Dom Quixote, anunciou que este ano devem ser lançados mais cinco volumes nesta colecção, o primeiro dos quais será “Doping”, de Afonso de Melo e Rogério Azevedo, que deverá sair ainda no decorrer do primeiro semestre de 2004.
